O diagnóstico de cirrose é realizado através da história clínica do paciente e exames laboratoriais, a exemplo das sorologias e anticorpos de hepatites, para identificar qual doença subjacente atua como causa. Além disso, análises de sangue são utilizadas para avaliar a função do fígado dosando, por exemplo, os produtos de metabolismo da bile (bilirrubina), fatores de coagulação, plaquetas e enzimas específicas. O médico Hugo Cheinquer afirma que exames de imagem como a ecografia, tomografia computadorizada abdominal e elastografia hepática permitem avaliar o grau de fibrose. Já a biópsia possibilita identificar a extensão dos danos no órgão. Nos últimos anos, foram desenvolvidos métodos não invasivos para a avaliação da fibrose hepática, a exemplo dos biomarcadores séricos. Dentre eles estão o índice FIB-4 (Fibrosis-4), um escore feito a partir de um cálculo simples que contempla idade do paciente, valores TGO/TGP (transaminases) e plaquetas. “Realizados na rotina laboratorial, esses exames facilitam a avaliação frequente do paciente e, por isso, são recomendados como avaliação de primeira linha”, informa.
Devido ao diagnóstico de cirrose tardio, a grande maioria dos casos é irreversível. Dessa forma, o tratamento consiste em evitar a progressão da doença. Entretanto, as causas iniciais que levaram à cirrose devem receber tratamento de acordo com suas especificidades, o que inclui medicamentos para hepatites virais crônicas ou doenças crônicas metabólicas, por exemplo. “No entanto, as complicações mais urgentes como a encefalopatia hepática ou a hemorragia digestiva devem ser tratadas de forma prioritária”, orienta a médica Geisa Perez Medina Gomide. Pacientes com cirrose avançada geralmente são candidatos a transplante de fígado, com critérios de elegibilidade que incluem estágio da doença e causa da falência hepática. Quando não rastreada, acompanhada e tratada adequadamente, outra complicação severa da cirrose é o desenvolvimento de tumores no fígado que favorecem a manifestação do câncer hepático.
A prevenção se baseia na eliminação dos fatores causadores e um deles é a redução (ou suspensão) do consumo de bebidas alcoólicas, especialmente para quem já apresenta predisposição a doenças hepáticas. Além disso, manter o controle do peso, do diabetes e do colesterol, e adotar um estilo de vida mais saudável que inclua alimentação equilibrada e atividades físicas regulares, é fundamental. Em relação às hepatites virais, deve ser feita a testagem através de exames laboratoriais específicos – realizados nas consultas de rotina – e a imunização contra a hepatite B, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, a adoção de medidas preventivas como uso de preservativo nas relações sexuais e o não compartilhamento de seringas e objetos de uso pessoal, como alicates e lâminas de barbear, são importantes. “A proteção contra as hepatites e o controle do peso são as melhores maneiras de evitar que o fígado sofra danos progressivos”, sinaliza o gastroenterologista Hugo Cheinquer
