O processo da cirurgia robótica é mais preciso em relação à videolaparoscopia, pois a visão 3D das áreas a serem operadas garante maior profundidade, definição e avaliação da vascularização dos órgãos. Com quatro braços com pinças que são inseridas no paciente por pequenas incisões, o robô cirúrgico também tem um console com visor no qual o cirurgião apoia a cabeça para ter a visão 3D durante a cirurgia – o que permite ao médico fazer movimentos precisos e com mais estabilidade, diminuindo o risco de intercorrências. Por meio de dois joysticks (mãos direita e esquerda) e de pedais, o cirurgião manipula os braços do robô. O último componente do equipamento é o carrinho de vídeo com uma tela na qual a equipe médica, composta por auxiliares e instrumentadores, acompanha o procedimento.
Como tudo que é novo na Medicina, a cirurgia robótica também trouxe alguns desafios para cirurgiões, anestesistas, enfermeiros, técnicos e até mesmo engenheiros – que são os profissionais responsáveis pelo funcionamento do equipamento. Segundo o médico cirurgião Carlos Eduardo Domene, os softwares disponíveis atualmente criam múltiplas possibilidades que seriam impossíveis em uma cirurgia aberta ou mesmo por laparoscopia. “Os softwares com filtro de tremor, por exemplo, não deixam a mão robótica tremer e ajudam o médico a realizar os movimentos com maior exatidão, enquanto os softwares para imagem tridimensional em tempo real fornecem ao cirurgião uma maior perspectiva do que está sendo operado”, acentua.
Outra vantagem é que o processo ficou mais ergonômico, uma vez que o cirurgião trabalha sentado e com apoio nos braços, podendo suportar cirurgias mais longas. Para o paciente, o procedimento diminui possíveis intercorrências durante e após o processo cirúrgico, como perda sanguínea e dor, além de minimizar o risco de infecção, permitir uma internação mais curta e possibilitar o retorno às atividades normais em menor tempo.
Custo-efetividade
Para o médico cirurgião Elinton Chaim, professor doutor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp), a cirurgia robótica tem conseguido comprovar o custo-efetividade com a diminuição significativa do valor dos equipamentos e instrumentos. No Brasil, devido ao custo e à manutenção, os robôs chegaram primeiro nos grandes hospitais das capitais, mas, atualmente, diversos hospitais espalhados pelo País estão adquirindo equipamentos e oferecendo um acesso mais amplo, tanto aos pacientes da rede de saúde privada quanto para aqueles que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). “Com maior utilização e mais empresas fabricando o equipamento robótico, é uma questão de tempo para que esteja incorporado na maioria dos hospitais de médio e grande portes do SUS. A cirurgia robótica não tem contraindicação, mas o alto custo ainda é uma barreira a ser superada para que atenda cada vez mais pacientes”, pontua o cirurgião.