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Projeto Germina vai avaliar o desenvolvimento de 500 bebês

Escrito por: Adenilde Bringel

Como a microbiota é formada até os três primeiros anos da criança, alguns pesquisadores buscam entender se essa modulação poderia interferir com enfermidades ainda na infância e ao longo da vida. Um desses estudos é o Projeto Germina, desenvolvido por equipe multidisciplinar de pesquisadores de 15 grupos de diferentes áreas da USP que acompanhará o desenvolvimento de 500 bebês durante os 1.000 primeiros dias de vida, a partir dos três meses de idade. O objetivo é investigar o eixo cérebro-intestino em relação ao desenvolvimento do sistema nervoso, à nutrição da mãe e da criança e ao microbioma para entender como a interação de fatores genéticos e ambientais interferem para o desenvolvimento cerebral, cognitivo e emocional saudável. “Queremos avaliar quais são os riscos associados ao aparecimento de alguma alteração cognitiva e qual seria o fator: genética, microbioma, tipo de parto ou risco externo a que a criança está sendo exposta. Outra análise de risco inclui renda, moradia e escolaridade materna, entre outros fatores. A intenção é desenvolver um modelo preditivo de distúrbios do sistema nervoso central, e talvez isso possa servir para antecipar diagnóstico, acompanhamento e tratamento”, detalha a professora Carla Taddei, do Laboratório de Microbiologia Molecular do Hospital Universitário da USP e uma das coordenadoras do projeto. As crianças foram selecionadas no IPq-FMUSP, em rede social e no Hospital Municipal da Vila Santa Catarina – unidade pública da cidade de São Paulo financiada pelo Hospital Albert Einstein.

O primeiro objetivo é entender o modelo de aparecimento de alguma alteração cognitiva nessas crianças para avaliar se está relacionado ao microbioma intestinal, à genética ou ao risco externo, por meio de ferramentas de epigenética. Os pesquisadores também vão acompanhar as crianças por etapas para avaliar funções executivas como fala, coordenação motora e interação com o ambiente. A microbiota das crianças foi mapeada aos três meses de idade e os resultados estão sendo analisados. “Estamos usando a tecnologia Shotgun para essas análises, que permite sequenciar o DNA total. Temos um grande volume de sequenciamento e uma profundidade muito grande de análise. Também estamos analisando 400 amostras de leite materno das mães desses bebês, porque queremos relacionar o leite com o microbioma das crianças”, informa a pesquisadora. Outras informações a serem analisadas são a rota metabólica e o resistoma – genes de resistência que essas crianças carregam na microbiota e que são importantes para avaliar o risco do uso de antibiótico, por exemplo. Essas análises também permitirão, no futuro, a análise do viroma dos participantes. O projeto é financiado pela organização internacional Wellcome Leap, que envolve 10 grupos de pesquisadores de cinco continentes com os mesmos objetivos científicos.

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