A artrite reumatoide é descrita como uma doença autoimune, inflamatória e crônica que afeta as articulações e causa dores intensas. A condição pode provocar desgaste ósseo, limitações físicas e até comprometimento psíquico, como transtornos de ansiedade e depressão, ocasionados principalmente pelo fator incapacitante da doença. Apesar de todos os desafios enfrentados por esses pacientes, o tratamento adequado possibilita uma melhor qualidade de vida.
A médica reumatologista Ana Cristina Medeiros Ribeiro, coordenadora do Ambulatório de Artrite Reumatoide do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), afirma que estar atento aos sintomas iniciais é fundamental para o diagnóstico precoce da doença. “Isolados ou concomitantes, os principais sinais da artrite reumatoide são descritos por dores intensas, inchaço, calor e vermelhidão em qualquer articulação do corpo, sobretudo nas mãos e punhos. Pacientes também reportam fadiga e rigidez matinal, sensação que pode se estender por pelo menos uma hora após o despertar”, acentua.
Dessa forma, conhecer a jornada do paciente portador da doença é importante, principalmente para compreender os obstáculos enfrentados durante esse percurso marcado pela dor. De acordo com a médica, a demora no diagnóstico – que, em alguns casos, pode levar anos – e no tratamento adequado impactam fortemente a qualidade de vida.
“A percepção de que a doença afeta exclusivamente idosos é um dos mitos que contribuem para o atraso no diagnóstico”, enfatiza. Os primeiros sintomas da artrite reumatoide podem se manifestar em plena idade produtiva – entre 35 e 45 anos em mulheres e a partir dos 45 anos em homens. Portanto, aos primeiros sinais é imprescindível buscar ajuda especializada.
Tratamento oferece bons resultados
O tratamento da artrite reumatoide é realizado de acordo com o estágio da doença, atividade e gravidade. Além das medidas não farmacológicas, como fisioterapia e terapia ocupacional, o tratamento inclui fármacos antirreumáticos modificadores da doença (do inglês Disease Modifying Anti-rheumatoid Drugs – DMARDs) e terapia-alvo com agentes biológicos. “O tratamento com imunobiológicos é um dos mais recentes avanços no campo da saúde para tratar as doenças autoimunes, resultando em mais qualidade de vida ao paciente”, comenta a especialista.
Outras condições importantes
Por ser uma condição sistêmica e autoimune, a artrite reumatoide pode estar associada a outras comorbidades. Assim, algumas complicações comuns estão relacionadas principalmente à deposição de placas de gordura (colesterol) nos vasos sanguíneos. Portanto, doença coronariana, insuficiência cardíaca congestiva, aterosclerose nas artérias carótidas, doença vascular periférica e acidente vascular cerebral (AVC), em especial o tipo isquêmico, podem ocorrer nesses pacientes.
Outras condições frequentemente associadas a essa doença autoimune, inflamatória e crônica são síndromes de amplificação de dor, como a fibromialgia; diabetes mellitus tipo 2, osteoporose com fraturas, distúrbio dos lipídios (colesterol e triglicerídeos); e doenças respiratórias associadas ao tabagismo. “Por isso, a abordagem multidisciplinar é fundamental para que essas doenças sejam reconhecidas e recebam tratamento adequado”, orienta a reumatologista.
O afastamento das atividades sociais, a interrupção das práticas esportivas e o abalo na vida profissional causados pela doença podem impactar, ainda, a saúde mental. “A dor crônica e o prejuízo da capacidade funcional facilitam o desenvolvimento da depressão e ansiedade, que podem interferir inclusive na adesão ao tratamento, agravando o quadro clínico e, consequentemente, a qualidade de vida”, alerta a especialista.