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Envelhecimento longínquo com vitalidade

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O segredo de quem vive mais de 100 anos

Escrito por: Fernanda Ortiz

T­­­­­er um envelhecimento saudável e chegar aos 100 anos de idade com lucidez, vitalidade, resiliência e disposição é o desejo de boa parte da humanidade. Por isso, desvendar o segredo para alcançar esse feito tem sido um grande desafio para pesquisadores em todo o mundo. Apesar de os centenários representarem uma pequena parcela da população mundial (0,01%), o crescimento significativo de longevos registrado nas últimas décadas e as crescentes projeções têm levado a avanços significativos na compreensão das particularidades que envolvem esses indivíduos. De acordo com evidências científicas, uma vida longínqua com saúde pode ser atribuída a agentes multifatoriais que envolvem hábitos de vida e causas genéticas, imunológicas e ambientais. Além disso, questões comportamentais associadas à espiritualidade, assim como ter um propósito de vida, manter boas relações sociais e continuar em constante aprendizado contribuem de forma importante para construir uma vida mais longa com bem-estar e saúde.

De acordo com a Divisão de População da Organização das Nações Unidas (ONU), nas últimas décadas o número de pessoas com 100 anos ou mais apresentou um salto importante: de 15 mil em 1950 para 587 mil em 2024. Já a projeção para 2050 é de 3,8 milhões de centenários no mundo. O Brasil, segundo dados do Censo Demográfico de 2022, acompanha esse cenário com um crescimento de 67% em uma década: o País saiu de 22,7 mil, em 2010, para 37,8 mil brasileiros acima dos 100 anos em 2022. Entretanto, esses números podem sofrer alterações (para mais ou menos) pois, na época em que esses indivíduos nasceram, o acesso à certidão de nascimento era muito limitado e quem frequentemente declara a idade desses idosos são os familiares que, nem sempre, sabem informá-la com precisão.

Uma série de condições influenciam um envelhecimento com saúde e vitalidade. Embora a genética tenha uma parcela importante, o tempo de vida é afetado principalmente por fatores ambientais e modificáveis como estilo de vida, promoção da saúde, controle do estresse, atividade física regular, qualidade do sono e hábitos comportamentais. “Ainda que vivam em localidades geograficamente dispersas e com questões culturais distintas, indivíduos centenários costumam compartilhar características e hábitos de vida em comum”, comenta o médico geriatra Luiz Roberto Ramos, docente da Escola Paulista de Medicina (EPM) e diretor do Centro de Estudos do Envelhecimento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Alimentação

Apesar de a alimentação ser um dos pilares fundamentais para viver mais e melhor, indivíduos mais longevos não contam calorias, não tomam vitaminas ou suplementos, não costumam ter restrições alimentares e se relacionam com a comida de forma simples e descomplicada. “Normalmente, a dieta é balanceada e composta por grãos, frutas, verduras e vegetais frescos. Esses alimentos ricos em antioxidantes e fibras são fundamentais para a prevenção de doenças crônicas. Os ovos também costumam integrar o cardápio, pois são fontes de proteínas de alta qualidade e nutrientes essenciais.

E enquanto o consumo de carnes costuma ser reduzido para evitar o risco de doenças cardiovasculares, o de peixes – especialmente os ricos em ­ômega-3, como salmão e sardinha – podem ser consumidos regularmente, mas com moderação”, descreve o geriatra. Além disso, indivíduos mais idosos mantêm uma rotina com horários regulares para refeições, se alimentam com tranquilidade e param de comer antes de estarem 100% saciados, o que ajuda a evitar exageros e problemas de saúde relacionados com a má digestão.

Outro fator que influencia o envelheci­mento saudável é manter-se ativo. “Ainda que pessoas centenárias não corram uma maratona, a prática regular de atividade física de baixa intensidade, seja através de uma caminhada, nos cuidados com a casa ou em uma ­brincadeira com os familiares, trazem benefícios para o tônus muscular, a mobilidade e o bem-estar”, avalia o geriatra Luiz Roberto Ramos. Além disso, é fundamental manter a mente ativa e produtiva, o que é possível através de uma série de atividades.

Dentre os exemplos estão a leitura; a exploração de novas áreas de conheci­mento e aprendizado como escrever, pintar, costurar; ou pela curiosidade em conhecer novos lugares. Ademais, promover atitudes de compromisso e responsabilidade, assim como desafiar a mente na tentativa de resolver problemas, também ajudam o idoso a manter-se ativo, disposto e participativo. O lazer, a higiene e a regularidade do sono, inclusive com uma soneca durante o dia, é outro fator que ajuda para promover a saúde física e mental.

Espiritualidade

Evidências crescentes na literatura apontam que a espiritualidade também pode estar relacionada a uma vida mais longa e saudável, independentemente da fé. “Essa espiritualidade pode estar relacionada  ao culto a Deus, a uma divindade ou à natureza, mas o fato é que indivíduos que praticam alguma forma de espiritualidade ou ­religiosidade tendem a ter mais humildade, serenidade, compreensão, ­resiliência, otimismo, propósito e um melhor ­bem-estar ­emocional, o que favorece a promoção de um envelhecimento saudável e feliz”, avalia o médico geriatra Emilio ­Hideyuki Moriguchi, professor doutor da ­Faculda­de de Medicina da Univer­si­­dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professor-­visitante da Fa­cul­­­­dade de Medicina da Yokohama City University, da Keio University e da ­Chiba University, no Japão. A é, ­ainda, instrumento de promoção à saúde e de apoio para enfrentar doenças, fragi­li­dades físicas e emocionais, mágoas, problemas acumulados ao longo da vida e, inclusive, a perda de pessoas queridas.

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