Acidentes com líquidos quentes, produtos químicos e fogo são as principais causas de queimaduras. De acordo com o Ministério da Saúde, 70% dos casos ocorrem dentro de casa e envolvem principalmente crianças e idosos. Anualmente, são contabilizadas cerca de 1 milhão de queimaduras no Brasil e, entre 2015 e 2020, ocorreram quase 20 mil mortes em decorrência desses acidentes e lesões. Destas, mais da metade foram queimaduras térmicas e 46,1% eram queimaduras elétricas.
De acordo com a médica dermatologista Carolina Labigalini Sampaio, do Pilar Hospital, em Curitiba, as pessoas subestimam os riscos dentro de casa. “A cozinha, por exemplo, é um dos locais mais perigosos porque panelas, líquidos ferventes e superfícies quentes podem causar queimaduras graves”, alerta. Além disso, reforça a necessidade de os adultos conhecerem os perigos para tomar as medidas necessárias em caso de queimaduras mais graves.
As queimaduras podem receber três classificações, de acordo com a gravidade das lesões. As queimaduras de primeiro grau afetam apenas a epiderme, primeira camada da pele, causando danos mínimos, como vermelhidão, dor e inchaço. As causas mais frequentes são a exposição prolongada ao sol ou contatos breves com objetos quentes, como encostar em panelas no fogo ou que acabaram de ser utilizadas.
Já as lesões de segundo grau são mais graves, porque o dano se estende além da camada superior da pele, atingindo também a derme e causando bolhas. Este tipo é ocasionado por um contato mais prolongado com líquidos ou objetos muito quentes. Em função das bolhas, as queimaduras de segundo grau podem exigir o cuidado médico para evitar as cicatrizes.
Na queimadura de terceiro grau, o tipo mais grave, os danos se estendem à hipoderme e podem alcançar tecidos como músculos e ossos. “Essa queimadura exige atenção, pois não causa tanta dor em função do acometimento dos nervos”, orienta a médica. Além disso, as queimaduras também podem ser classificadas em extensas ou localizadas, dependendo da área atingida, e podem envolver complicações como infecções ou desidratação.
Cuidados logo após o acidente
As queimaduras leves podem ser tratadas em casa, sem necessidade de atendimento médico imediato. “Após o acidente, a área queimada deve ser colocada sob água corrente em temperatura ambiente, nunca gelada”, reforça a especialista. No caso de queimaduras de primeiro grau, o uso de hidratantes ou vaselina auxilia na recuperação. Já nas queimaduras de segundo e terceiro graus, é fundamental buscar atendimento médico. O tratamento pode variar de medicações tópicas a cirurgias reconstrutoras.
Algumas soluções devem ser evitadas após os acidentes e lesões, pois as crenças populares sobre o tratamento de queimaduras podem piorar a gravidade. “A aplicação de gelo ou água gelada, por exemplo, agrava o quadro”, alerta a médica. Além disso, o uso de pomadas sem prescrição médica e substâncias como café, pasta de dente ou plantas medicinais aumenta o risco de alergias, infecções e atraso na cicatrização.
