Os cientistas afirmam que probióticos são auxiliares da microbiota saudável porque competem por sítio de adesão e por nutrientes, aumentam a produção de bacteriocinas, baixam o pH intestinal e, consequentemente, eliminam as bactérias patogênicas que não gostam desse ambiente. A professora Susana Saad lembra que, embora sejam promissores do ponto de vista da saúde para ajudar a microbiota, os estudos com probióticos mudaram muito nos últimos anos, e ainda não há muita evolução nessa área porque a maior parte dos estudos continua sendo desenvolvida com uma única cepa, buscando um efeito de saúde específico e utilizando um único método. “Ainda tem muito a ser descoberto sobre esses efeitos, e acredito que estejamos na metade do caminho para identificar as cepas mais promissoras para determinado benefício”, argumenta.
Além disso, é importante usar métodos independentes de cultivo de cada cepa, baseados em DNA e RNA, para verificar como esse probiótico influencia a população microbiana. Outro ponto considerado importante é a realização de estudos multicêntricos em diferentes países e regiões, porque a microbiota também é influenciada pelo clima, pela temperatura e umidade, além de todos os outros fatores, e cada população tem uma característica específica. “Descobrir que todas essas variáveis interferem na diversidade da microbiota é uma grande evolução. E, com as novas técnicas existentes, não só de biologia molecular, a tendência é ampliar ainda mais esse conhecimento”, avalia a docente da USP.
Segundo a professora Susana Saad, o fato de as definições sobre probiótico, prebiótico, posbiótico e até mesmo do que é alimento fermentado estarem mais claras também está ajudando os cientistas a entenderem e utilizarem todas essas informações de uma melhor forma, focando em questões mais específicas. Entretanto, uma das dificuldades é a reclassificação constante das bactérias láticas, como os Lactobacillus, por exemplo, que hoje têm vários gêneros estabelecidos, o que leva os cientistas a reavaliarem alguns estudos e resultados. “Outra questão importante é que o probiótico tem efeito transitório. Além disso, se não afetar efetivamente a microbiota, não conseguirá ter tanta influência. Isso está muito desafiador”, sinaliza. A professora Ana Carolina Franco de Moraes complementa que o Brasil já é um dos países que mais usa probióticos e algumas pessoas estão depositando todas as esperanças nesses suplementos. Entretanto, é fundamental destacar que o probiótico faz parte de um processo que envolve hábitos e alimentação saudáveis, entre outros fatores.