As doenças que causam cegueira não afetam somente os adultos. Muitas crianças também estão em risco de perder a visão por condições que poderiam ser prevenidas ou tratadas. Quando isso acontece, além do impacto na saúde ocular há prejuízos no aprendizado, no convívio social e no desenvolvimento. Portanto, a detecção precoce e o acesso a cuidados oftalmológicos são fundamentais para proteger a visão das crianças e garantir um futuro com mais oportunidades.
De acordo com a médica oftalmologista Márcia Ferrari, do Hospital de Olhos Vision One, os cuidados devem começar enquanto o bebê ainda está na barriga da mãe. “As doenças infectocontagiosas adquiridas durante a gestação podem afetar a formação das estruturas oculares ou causar processos inflamatórios que podem provocar a perda da visão do bebê”, explica.
Riscos
As enfermidades de maior risco para a saúde ocular do feto são a sífilis, a toxoplasmose e a rubéola. Além disso, fazem parte da lista o zika vírus, o HIV e o citomegalovírus (veja abaixo). “É essencial que a mulher faça o acompanhamento pré-natal durante toda a gestação, recebendo as orientações sobre os cuidados que deverão ser adotados para que o feto se desenvolva de forma saudável e possa formar as estruturas da visão”, afirma a oftalmologista.
O acompanhamento gestacional também ajuda a prevenir a Retinopatia da Prematuridade (ROP), doença relacionada ao parto prematuro. Essa condição ocorre quando os vasos sanguíneos da retina (parte responsável pela visão) não se desenvolvem normalmente. Em casos mais graves, essa condição pode evoluir para descolamento de retina e cegueira.
De olho nos olhinhos
Outra medida importante para a prevenção das doenças que podem provocar cegueira é o Teste do Olhinho, realizado na maternidade assim que o bebê nasce. O exame é feito com a ajuda de um aparelho chamado oftalmoscópio, que emite um feixe de luz vermelho nos olhos do recém-nascido após a dilatação da pupila.
De acordo com a médica, esse teste possibilita detectar precocemente doenças como a catarata congênita, o glaucoma congênito e o retinoblastoma – um tipo de câncer comum na infância –, entre outras possíveis alterações nas estruturas oculares. “O objetivo do exame é agilizar o diagnóstico pois, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores serão as chances de sucesso”, acentua.
Sintomas
Os pais também devem ficar atentos aos sintomas que podem indicar doenças oculares. Dentre esses sinais estão o reflexo vermelho do olho durante fotos com flash, a pupila que não diminui ao estímulo da luz ou que não possui a cor preta, tremores dos olhos, superfície ocular com aspecto azulado e alteração do brilho e alteração do tamanho dos olhos.
A médica esclarece que a prevenção das doenças que podem causar cegueira deve ser mantida ao longo da vida, com check-ups oftalmológicos regulares. “Na infância, a recomendação da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica é realizar a primeira consulta até os seis meses de vida e a segunda quando o bebê completar um ano”, reforça a médica. Depois disso, as visitas ao oftalmologista deverão ser anuais até a criança completar oito anos de idade.
Atenção aos riscos!
- Sífilis – Infecção causada por uma bactéria adquirida pelo sexo sem proteção.
- Toxoplasmose – Causada por um protozoário e transmitida por alimentos e água contaminados ou por fezes de animais.
- Rubéola – Doença viral aguda altamente contagiosa, transmitida por meio de gotículas expelidas pelo paciente e que causa febre e erupção cutânea.
- Zika vírus – Transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, provoca o desenvolvimento anormal do cérebro do bebê.
- HIV – O vírus pode ser adquirido por relações sexuais desprotegidas, sangue contaminado, compartilhamento de seringa contaminada ou mesmo passar da mãe para o bebê durante a gravidez, o parto ou a amamentação.
- Citomegalovírus – Infecção causada por vírus da mesma família do herpes, transmitida pelo contato com fluídos corporais.
