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Suplementação de zinco

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| Artigo Cientifico

Discussão detalha ação do mineral e do probiótico

Escrito por: Mira Andini, Etika Ratna Noer, Martha Irene Kartasurya, Kusmiyati Tjahjono, Adriyan Pramono

Embora o limite tolerado para a ingestão máxima de zinco (40mg/dia) tenha sido menor do que nesta investigação, o uso de 30mg/dia foi superior à quantidade recomendada (IDRs de 8 a 11mg/dia). Apesar das diretrizes de estilo de vida, da dieta hipocalórica e do acompanhamento contínuo dos participantes, não houve diferença significativa na ingestão alimentar entre os grupos. A redução média na ingestão calórica em cada grupo foi de aproximadamente 500kcal (valores sugeridos). Entre os períodos pré e pós-intervenção houve uma mudança no peso e no IMC em direção à melhora. Consequentemente, isso pode ser resultado dos efeitos benéficos dos suplementos no peso e no IMC. Estudos anteriores demonstraram que a suplementação de zinco melhora diversos níveis de lipídios no sangue (CT, HDL, LDL e TG) em diversas populações.

Adicionalmente, os resultados de uma meta-análise realizada por Asbaghi et al. demonstraram os efeitos positivos da suplementação de zinco sobre o HDL em ambos os estudos, com duração igual ou superior a 12 semanas. Além disso, apenas estudos com duração igual ou superior a 12 semanas demonstraram redução nos níveis de TG, CT e LDL no sangue após a administração de zinco. Curiosamente, esses estudos observaram que, em dosagens inferiores a 100mg, os efeitos da suplementação de zinco foram maiores. O zinco pode influenciar os níveis séricos de lipídios por meio de uma variedade de processos moleculares, com mecanismos tanto diretos quanto indiretos.

O zinco também tem a capacidade de influenciar vários aspectos da síntese e secreção de insulina: (1) pode regular a atividade das células β pancreáticas, afetando a expressão do transportador; (2) pode aumentar a sensibilidade à insulina ou a resistência à insulina, fosforilando substratos do receptor de insulina nos adipócitos; (3) pode inibir a lipólise nos tecidos adiposos, o que reduz a quantidade de ácidos graxos liberados e, em última análise, regula a síntese de lipoproteínas (secreção hepática de VLDL e LDL) do fígado; (4) pode influenciar a expressão gênica de enzimas envolvidas na homeostase lipídica hepática que, por sua vez, regula a síntese e a utilização de lipídios nas mitocôndrias e nos peroxissomos. 

Probióticos

Suplementos probióticos demonstraram reduzir o peso corporal, o IMC e o percentual de gordura. Os probióticos também têm a capacidade de se ligar ao colesterol para diminuir a absorção intestinal. Os probióticos podem diminuir, ainda, a quantidade de sais biliares que circulam pelo sistema entero-hepático, o que forçaria o fígado a ressintetizar sais biliares, mobilizando mais colesterol. Isso reduziria os níveis de colesterol. Atualmente, são conhecidos dois mecanismos distintos pelos quais os microrganismos intestinais controlam os níveis de lipídios no sangue. Uma maneira é controlar o metabolismo dos ácidos biliares, que influencia outros processos metabólicos e modifica os níveis de lipídios no sangue.

Os probióticos também podem influenciar os índices antropométricos e a composição corporal por meio de vários mecanismos, incluindo redução do tamanho dos adipócitos, aumentando a oxidação de ácidos graxos e diminuindo a absorção de lipídios; inibição da adipogênese, produzindo ácido linoleico conjugado (CLA); aumento da secreção do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) e do peptídeo YY (PYY), indutores de saciedade; aumento da saciedade por meio do aumento da síntese de ácidos graxos poli-insaturados de cadeia curta; e modulação da expressão do fator adiposo induzido pelo jejum (FIAF), que parece promover a lipólise do tecido adiposo e, subsequentemente, o redirecionamento dos lipídios do armazenamento para a circulação. A fermentação bacteriana produz AGCC que incluem acetato, butirato e propionato. Esses compostos servem como substratos energéticos e como reguladores do apetite e da saciedade. Ao ativar os receptores acoplados à proteína G, GPR41 e GPR43 nas células epiteliais intestinais, os AGCC também desempenham um papel na regulação do metabolismo energético e da sensibilidade à insulina em órgãos periféricos. 

Medidas antropométricas

Após a intervenção houve uma redução significativa nas medidas antropométricas de circunferência da cintura e nos índices de porcentagem de gordura corporal. Numerosos estudos também demonstraram que cepas bacterianas específicas, como Lactobacillus e Bifidobacterium spp., podem reduzir o IMC, a circunferência da cintura e a porcentagem de gordura corporal quando combinadas com prebióticos. De acordo com a pesquisa de Minami et al., adultos pré-obesos poderiam reduzir efetivamente a gordura corporal com o auxílio da cepa probiótica Bifidobacterium breve B-3. O estudo mostrou que a massa de gordura corporal e a porcentagem de gordura corporal dos participantes diminuíram significativamente após 12 semanas de tratamento. Além disso, uma investigação anterior ilustrou a capacidade de o Lactobacillus gasseri BNR17 diminuir a circunferência da cintura e a formação de gordura visceral em indivíduos com obesidade.

RESULTADOS CONFIRMAM BENEFÍCIOS

Um total de 84 participantes completou os 30 dias do estudo. Ninguém perdeu o acompanhamento. Não foram encontradas diferenças significativas entre os quatro grupos no início do estudo em relação às características gerais e clínicas dos participantes. Sobre a ingestão alimentar, os participantes de ambos os grupos consumiram um pouco menos do que a meta prescrita. Não houve diferença na ingestão energética entre os grupos. Os perfis lipídicos séricos pós-intervenção dos grupos zinco, LcS e ‘zinco e LcS’ apresentaram melhora significativa. Sobre a comparação da circunferência da cintura e da porcentagem de gordura corporal (%) dentro dos grupos, os indicadores antropométricos, nos quatro grupos, revelaram uma melhora significativa em relação ao pós-grupo.
Assim, o estudo concluiu que nos grupos zinco, LcS e ‘zinco e LcS’ foram observadas diferenças significativas entre os períodos pré e pós-intervenção nos níveis séricos de CT, LDL, HDL e TG (p<0,05). Em relação à circunferência da cintura e ao percentual de gordura corporal, todos os grupos apresentaram diferenças significativas entre os períodos pré e pós-intervenção nos níveis séricos de CT e TG (p<0,05). Os efeitos benéficos da cossuplementação com ‘zinco e LcS’ foram relatados para as alterações em alguns perfis lipídicos (CT, LDL, HDL, TG), IMC, peso, circunferência da cintura e percentual de gordura corporal.

O IMPORTANTE PAPEL DA MICROBIOTA NA OBESIDADE

A riqueza ou a diversidade e abundância de espécies microbianas encontradas no intestino é uma característica crucial da microbiota intestinal, que tem sido objeto de extensa investigação. Estudos que demonstram que pessoas com sobrepeso ou obesas normalmente apresentam um microbioma intestinal menos diversificado do que aquelas com peso corporal saudável contribuíram para o crescente conjunto de dados que relacionam a riqueza microbiana intestinal à obesidade. Além disso, uma maior diversidade de bactérias intestinais tem sido associada a melhores resultados de saúde, enquanto uma diversidade reduzida tem sido associada a uma série de doenças, incluindo a obesidade.

Pesquisas demonstraram que a microbiota intestinal de pessoas obesas normalmente exibe menor diversidade alfa, sugerindo uma população microbiana menos variada e bem equilibrada. Acredita-se que esse desequilíbrio na microbiota intestinal influencie a regulação da fome, o metabolismo energético e a inflamação – todos os fatores que desempenham um papel no desenvolvimento da obesidade. Quando administrados por oito semanas a pessoas com alto índice de massa corporal, Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei e Bifidobacterium lactis reduziram os indicadores inflamatórios e o percentual de gordura corporal. Esses resultados sugerem que os probióticos podem reduzir a inflamação e melhorar uma série de fatores relacionados à saúde.

Assim, perder peso por meio da dieta pode melhorar o metabolismo do hospedeiro e reduzir a chance de comorbidades potenciais relacionadas à obesidade. As descobertas sobre os efeitos da perda de peso dietética na composição e função do microbioma em ensaios randomizados têm sido ambíguas, apesar de as evidências sugerirem que esses benefícios são devidos a modulações do microbioma intestinal e a metabólitos relacionados, mediante restrição calórica. Amostras pequenas, curtas durações dos ensaios e uma variedade de metodologias de avaliação do microbioma empregadasem pesquisas anteriores podem ser os responsáveis por isso, bem como as estratégias alimentares extremas e restritivas empregadas em numerosos ensaios de intervenção para induzir a perda de peso. Além disso, há uma diferenciação entre breves flutuações na composição do microbioma intestinal. Também tem sido difícil discernir mudanças associadas à intervenção, uma vez que a maioria das pesquisas anteriores não incluiu levantamentos recorrentes da microbiota intestinal.

Ademais, não está claro como as mudanças de longo prazo na composição do microbioma intestinal após a perda de peso durarão e o quanto estão relacionadas a mudanças nos metabólitos circulantes, indicadores antropométricos e clínicos, assim como à composição corporal. De acordo com os resultados do estudo, mulheres adultas obesas que receberam Zinco e Lactobacillus casei por um mês apresentaram redução na circunferência da cintura, no percentual de gordura e nos perfis lipídicos séricos em comparação com um placebo. Dessa forma, o estudo pode ser útil na prevenção de problemas macrovasculares e microvasculares. No entanto, houve algumas desvantagens, como o breve período de acompanhamento.

Pesquisas futuras podem considerar a extensão da duração da intervenção e a determinação da segurança e eficácia das dosagens de suplementação de zinco e Lactobacillus casei. Até onde sabemos, este foi o primeiro estudo na área a analisar o impacto da cossuplementação com probióticos e zinco em mulheres adultas obesas, o que pode ser considerado o ponto forte do estudo. O artigo ‘Effects of zinc and probiotic co supplementation on lipid profile, waist circumstance, and body fat percentage in obesity women’ foi publicado no Journal of Medical Pharmaceutical and allied Sciences, Volume 13 – Issue 3, 6403, May – June 2024, Pages 6608-6616 – doi: 10.55522/jmpas.V13I3.6403. •

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