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Oligossacarídeos do Leite Humano

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Fundamental para a formação da microbiota

Escrito por: Adenilde Bringel

Estudos desenvolvidos sobre o leite materno conseguiram comprovar o que, empiricamen­te, a humanidade já sabia desde os tempos ancestrais: é um alimento completo para a saúde dos bebês. Entretanto, as técnicas de análise mais recentes também têm ajudado a mostrar quais são os principais componentes presentes nesse alimento e de que maneira agem no organismo dos bebês, garantindo a formação de uma microbiota equilibrada. Consequentemente, o bebê terá um sistema imune robusto que vai garantir a saúde e a proteção ao longo da vida. O aleitamento materno participa da formação da microbiota do bebê de diferentes maneiras. Uma delas é pela presença de prebióticos naturais – Oligossacarídeos do Leite Humano (OLH), do inglês Human Milk Oligosaccharides (HMO). Esses carboidratos complexos não digeríveis estimulam o crescimento de Bifidobacterium e de outras bactérias protetoras no intestino. Além disso, o leite contém microrganismos maternos, a exemplo de Staphylococcus, Streptococcus, Bifidobacterium e Lactobacillus. Por fim, o alimento possui fatores antimicrobianos como imunoglobulinas, lactoferrina e lisozima, que protegem os bebês contra infecções.

Os Oligossacarídeos do Leite Humano são estruturas complexas derivadas do alongamento de uma estrutura de lactose por resíduos de fucose e/ou resíduos de ácido siálico, podendo haver diferentes tipos de ligação – o que confere uma diversidade de conformações possíveis. De acordo com a nutricionista Marina Padilha, do Observatório de Epidemiologia Nutricional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mais de 150 OLHs já foram descritos até o momento. “Esses oligossacarídeos não são digeridos pelo corpo humano e alimentam seletivamente as bactérias benéficas, principalmente aquelas pertencentes ao gênero Bifidobacterium, presentes no intestino do bebê”, detalha.

Ademais, o leite contém altos teores de anticorpos secretórios (IgA) produzidos na mucosa materna, que protegem o intestino do bebê e direcionam seu sistema imune a reconhecer antígenos sem desencadear inflamação excessiva. Portanto, além de fornecer bactérias benéficas para que se multipliquem no trato gastrointestinal do bebê, o leite materno contém antimicrobianos que dificultam a proliferação de bactérias nocivas. Em conjunto, estes fatores atuam para o estabelecimento de uma microbiota saudável e para proteção das crianças.

A microbiota do leite materno parece variar de acordo com dieta, paridade, geografia e parto (cesárea ou vaginal), o que pode explicar diferenças de saúde entre populações. Por esse motivo, a modulação da microbiota do leite por meio da dieta materna poderia representar uma estratégia inovadora para influenciar precocemente a colonização microbiana do bebê (veja link). A pesquisadora informa que, como o leite é a principal fonte de bactérias iniciais para o recém-nascido, alterar sua composição microbiana pode repercutir na saúde infantil.

Assim, se a dieta da mãe pode aumentar microrganismos benéficos no leite, isso seria traduzido em maior resistência a infecções, menor risco de alergias e melhor desenvolvimento imunológico no bebê. “Como o leite materno é um ecossistema dinâmico cujos componentes bioativos interagem de forma complexa com a microbiota do bebê, já é sabido que variantes genéticas maternas (como genes FUT2/FUT3) também alteram o perfil de OLHs e influenciam o estabelecimento de Bifidobacterium no intestino da criança”, ressalta.

Herança microbiana

Além de fornecer nutrientes perfeitamente balanceados, o leite materno contém imunoglobulinas, citocinas e células que conferem proteção imediata contra agentes infecciosos. Além disso, promove uma colonização intestinal saudável reduzindo o risco de diarreias, infecções respiratórias e até condições crônicas na infância como alergias, sobrepeso e diabetes tipo 2. “Em suma, a amamentação fornece uma ‘herança microbiana’ materna e um coquetel imunológico único que promove equilíbrio intestinal e desenvolvimento saudável. Esses aspectos reforçam que o leite materno é um alimento vivo e insubstituível para a saúde da criança no curto e longo prazo”, enfatiza. A nutricionista Marina Padilha acrescenta que, embora as fórmulas infantis modernas tentem mimetizar o leite humano adicionando galactooligossacarídeos (GOS) e frutooligossacarídeos (FOS), ou mesmo alguns OLHs, ainda não reproduzem a diversidade completa de Oligossacarídeos do Leite Humano e fatores imunes presentes no leite materno.

Já o leite humano doado por meio dos bancos de leite passa por pasteurização antes de ser oferecido ao recém-nascido, processo que visa oferecer um alimento seguro do ponto de vista microbiológico. “Porém, a pasteurização elimina tanto as bactérias nocivas quanto a maior parte das bactérias vivas, ou seja, as bactérias naturais do leite são destruídas”, informa. Além disso, reduz significativamente algumas proteínas imunológicas, em particular as concentrações de IgA secretória, lactoferrina e lisozima. Por outro lado, fatores não proteicos como os oligossacarídeos (prebióticos) permanecem intactos, em grande parte, após o aquecimento. Sendo assim, o leite doado continua a fornecer muitos nutrientes e prebióticos naturais ao bebê – superando as fórmulas infantis –, embora ofereça menos proteção imunológica do que o leite materno cru devido à perda dos microrganismos vivos e de parte das proteínas de defesa.

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