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Microbiota do leite materno

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Modulação da dieta da mãe com prebiótico

Escrito por: Adenilde Bringel

O estudoDieta com prebióticos pode modular a microbiota do leite materno’, desenvolvido em 2020 durante o doutorado da nutricionista Marina Padilha no Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC) da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), tinha como principal objetivo avaliar se a modulação da dieta da mãe com um prebiótico (FOS) influenciaria a composição microbiana do leite materno – um conceito pouco explorado até então. A pesquisa foi realizada em parceria com a Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, com orientação da professora doutora Susana Saad, do FoRC/FCF-USP. O resultado confirmou que a modulação via prebióticos é factível. No entanto, ainda são necessários estudos populacionais para identificar outros fatores que interferem nessa modulação. O grupo de pesquisa também buscava saber se a suplementação dietética da mãe poderia alterar positivamente o microbioma do leite, abrindo caminho para melhorar a saúde dos lactentes por meio da nutrição materna.

“Sabendo que o leite é uma via importante de transferência de bactérias maternas ao bebê, queríamos avaliar se essa via de comunicação mãe-filho poderia ser manipulada nutricionalmente”, afirma a nutricionista, primeira autora da pesquisa. O FOS foi escolhido porque são prebióticos estabelecidos, amplamente estudados na população e conhecidos por estimular bactérias benéficas, como bifidobactérias, no intestino. Estes compostos não digeríveis também servem de substrato para microrganismos protetores. Para o estudo, o grupo usou maltodextrina como placebo/inoculante inerte – que não fornece efeitos prebióticos por ser um carboidrato facilmente digerível e sem efeito bifidogênico. O ensaio clínico randomizado incluiu 53 mulheres que amamentavam seus bebês de maneira exclusiva. Destas, 28 receberam 4,5g/dia de FOS + 2g de maltodextrina e 25 receberam 2g/dia de maltodextrina (placebo), durante 20 dias. Amostras de leite foram coletadas antes e após a intervenção, e os pesquisadores sequenciaram o gene 16S rRNA para caracterizar a microbiota.

O resultado mostrou que não houve alterações estatisticamente significativas na diversidade ou nas abundâncias relativas dos principais gêneros bacterianos, ou seja, o leite coletado dos grupos FOS e placebo permaneceram semelhantes após a intervenção. “Entretanto, ao analisar as mudanças globais na comunidade microbiana, o grupo que recebeu FOS apresentou trajetórias de microbiota significativamente maiores, indicando maior variação na microbiota do leite”, relata a autora da pesquisa. Outro achado-chave foi que a idade materna influenciou essa resposta. Assim, as mães mais jovens sofreram mudanças mais acentuadas com FOS, enquanto as mais velhas responderam de forma semelhante ao controle. De acordo com a pesquisadora, o resultado mais relevante foi que o FOS induziu alterações estatisticamente significativas na composição microbiana do leite, embora as taxas de aumento de bactérias específicas como Bifidobacterium não tenham mudado. Portanto, os resultados sugerem que é possível manipular a microbiota do leite materno pela dieta, com resposta dependente de fatores individuais.

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