Acesso a serviços oftalmológicos precocemente

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Transplante de córnea em bebês e crianças

Escrito por: Elessandra Asevedo

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) informam que, mundialmente, 500 mil crianças perdem a visão anualmente. Entretanto, 50% desses casos poderiam ser evitados. No Brasil, de acordo com o relatório As Condições de Saúde Ocular no Brasil – 2023, lançado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, cerca de 27 mil crianças estão cegas. Destas, 40% perderam a visão por causa de condições oculares que poderiam ter sido evitadas ou tratadas com acesso a serviços oftalmológicos precocemente.

Para a detecção precoce de problemas visuais em bebês, o teste do reflexo vermelho – também conhecido como Teste do Olhinho – deve ser realizado em todos os recém-nascidos ainda na maternidade. O médico oftalmologista Luiz Brito, chefe do setor de córnea do Hospital de Olhos (H.Olhos), explica que este é um direito da criança para a detecção precoce de enfermidades oculares. Em resumo, é fundamental que toda criança tenha acesso a serviços oftalmológicos precocemente.

Transplante

O transplante de córnea é uma solução eficaz para devolver a visão a grande parte dessas crianças. Embora seja considerada segura, a cirurgia em bebês e crianças gera desafios diferentes. “Os olhos de bebês e de crianças são significativamente menores do que os de adultos, o que torna a seleção e adaptação da córnea doadora um desafio”, acentua o médico. Além disso, crianças têm mais chances de problemas em relação aos adultos, por causa da possibilidade de traumas, e maior chance de rejeição.

De acordo com o médico, também deve ser considerada a limitação na comunicação verbal e a resposta limitada a testes oftalmológicos nos pacientes infantis. “Outros fatores incluem o sistema imunológico em desenvolvimento dos bebês, que pode rejeitar o enxerto corneano”, diz o médico. Portanto, o uso de medicamentos deve ser cuidadosamente ajustado para evitar complicações.

Cirurgia é segura

Apesar dos grandes cuidados exigidos, aproximadamente 90% das córneas doadas são aceitáveis para transplante. Assim, a taxa de êxito dos procedimentos também fica acima de 90%. Os doadores não se limitam a outros bebês e crianças, portanto, as córneas podem ser doadas por adultos e até mesmo por idosos.

O tempo de espera na fila também diminui, já que menores de 7 anos são priorizados. Após a cirurgia, a criança deve ser monitorada de perto para verificar a rejeição e quaisquer complicações. Em bebês, o controle no pós-operatório deve ser feito todas as semanas durante 60 dias. Também são introduzidos medicamentos que controlam a imunidade, a fim de diminuir a rejeição. O pós-operatório conta, ainda, com a correção com óculos ou lente de contato para estimular o desenvolvimento da visão.

A recuperação do transplante de córnea em bebês, porém, pode ser mais demorada do que em adultos. Neste processo, a avaliação frequente é necessária para ajudar a criança a se adaptar à nova córnea e a desenvolver a visão. Além disso, exames oftalmológicos regulares são essenciais para garantir o sucesso do procedimento no longo prazo.

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