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A perda de força e massa muscular

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Treino reverte a perda muscular

Escrito por: Fernanda Ortiz

A ­­­­perda de força e massa muscular é um aspecto inerente ao processo de envelhecimento, que começa a partir dos 30 anos e progride ao longo da vida. Essa condição torna o indivíduo mais vulnerável a quedas, fraturas e outros tipos de traumas. Apesar de nem todos responderem da mesma forma, a capacidade funcional – inclusive em idosos – pode ser melhorada através de treinamentos de força como a musculação, considerados eficazes para promover ganhos de massa muscular ­(hipertrofia). Essa é a conclusão de um estudo realizado recentemente por pesquisadores da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), que ­demonstrou que o aumento no volume de treinamento pode ­mitigar a falta de resposta entre idosos, melhorando a hipertrofia dos membros inferiores.

O estudo, que fez parte da tese de doutorado do profissional de Educação Física Manoel Lixandrão na EEFE-USP, contou com a participação de 85 voluntários com idade superior a 60 anos, de ambos os sexos, com índice médio de massa corporal (IMC) de 26,4 kg/m2. Os participantes, que não estavam envolvidos em treinamentos por pelo menos seis meses antes do início da pesquisa, eram clinicamente saudáveis, com pressão arterial controlada, sem histórico de diabetes tipo I, lesões ou doenças musculoesqueléticas. Antes e após o período de intervenção, todos foram submetidos a exames de ­ressonância magnética das áreas transversais bilaterais do músculo quadríceps femoral para avaliar as alterações nas medidas. Além disso, passaram por testes unilaterais de extensão dos joelhos para analisar os ganhos de força muscular.

Segundo o nutricionista e fisiologista clínico do exercício Hamilton Roschel, professor doutor associado da EEFE e diretor científico do Centro de Medicina do Estilo de Vida da Faculdade de Medicina da USP, os treinos propostos para a intervenção foram realizados em duas sessões semanais, por um período de 10 semanas. “Cada uma das pernas foi aleatoriamente determinada, de modo contrabalanceado, para um dos dois modelos de treinos. Enquanto uma das pernas realizou apenas uma série, a outra executou um volume maior de quatro séries de extensão de joelhos, com oito a 15 repetições máximas”, descreve. Ao longo dos treinos, as cargas foram ajustadas de acordo com o desempenho dos voluntários.

Os achados mostraram que a resposta de ganho de massa muscular foi modificada pela manipulação do volume de treino. “Após as 10 semanas de exercícios, a perna que foi submetida ao treino de quatro séries teve melhor resposta hipertrófica em comparação à outra que executou o primeiro treino de série única, o que sugere que ajustes na dose de exercício podem amenizar a não responsividade”, explica o professor Hamilton Roschel, que foi orientador do estudo. A análise de dados individual revelou que, do total de voluntários não responsivos, 80% responderam melhor ao aumento do volume de treino. Entre aqueles já responsivos à serie única de exercícios, 47% melhoraram ainda mais a massa muscular ao aumentar a capacidade de treino.

De acordo com o estudo, é possível especular que os outros 20% de idosos não responsivos sejam resistentes aos efeitos anabólicos do treinamento de força devido a uma incapacidade parcial de ativar as principais vias de sinalização para suportar o crescimento muscular. “Mesmo que os exercícios padronizados não resultem em respostas similares entre indivíduos, é preciso considerar que fatores extrínsecos, como estilo de vida, hábitos alimentares, qualidade do sono e níveis de estresse, e intrínsecos como questão hormonal e genética, representam papel importante no desempenho de ganho de massa muscular”, avalia o professor Hamilton Roschel. 

Estratégia

Em conclusão, os dados sugerem que o volume de treinamento de força pode ser uma estratégia eficaz para melhorar o ganho de massa muscular entre adultos mais velhos não responsivos, diminuindo os declínios morfológicos e funcionais relacionados ao envelhecimento. “Entretanto, é importante ressaltar que o aumento e a intensidade de treinamento, independentemente da modalidade, devem ser realizados exclusivamente com orientação especializada para evitar lesões causadas pelo excesso de esforço”, acentua o professor Hamilton Roschel. O artigo ‘Resistance training volume and non responsiveness in older individual’ foi publicado em fevereiro de 2024 no Journal of Applied Physiology. •

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