Eixo microbiota-intestino-cérebro

• Probióticos

Probióticos e seus metabólitos na depressão

Escrito por: Adenilde Bringel

Caracterizada por uma microbiota ‘anormal’, a disbiose intestinal está comprovadamente relacionada a uma série de distúrbios de saúde. Mais recentemente, muitos estudos têm conseguido demonstrar que esse desequilíbrio da população que compõe o ecossistema intestinal também pode ser uma causa direta de distúrbios mentais e emocionais.

Alguns desses estudos indicaram que existe uma relação entre a microbiota intestinal e o cérebro, conhecida como eixo microbiota-intestino-cérebro. Quando essa conexão é perturbada por uma disbiose, por exemplo, podem ocorrer disfunções no cérebro, no sistema imunológico, no sistema endócrino e no trato gastrointestinal. Para investigar essa hipótese, pesquisadores da Polônia desenvolveram uma revisão da literatura sobre o tema.

De acordo com os autores, o tratamento tradicional da depressão inclui psicoterapia e farmacoterapia e tem como alvo principal o cérebro. No entanto, a restauração da microbiota intestinal e das funções do eixo intestino-cérebro através do uso de probióticos, seus metabólitos, prebióticos e dieta saudável pode aliviar os sintomas depressivos. “A administração de probióticos rotulados como psicobióticos e seus metabólitos como metabióticos, especialmente como adjuvante de antidepressivos, melhora os transtornos mentais”, afirmam.

Dessa forma, o cuidado com a microbiota vem sendo considerado uma nova abordagem para a prevenção, a gestão e o tratamento de doenças mentais e emocionais, particularmente transtorno depressivo maior e depressão metabólica. “Entretanto, para a eficácia da terapia antidepressiva, os psicobióticos devem ser administrados em dose superior a 1 bilhão de unidades formadoras de colônias (UFC) ao dia, por pelo menos oito semanas”, reforçam os autores.

Diversidade

De acordo com o artigo, a microbiota intestinal de um indivíduo saudável consiste em uma comunidade compacta e diversificada de microrganismos que derivam de aproximadamente 5 mil espécies diversas e com mais de 7 mil cepas. No total, 99% dessas espécies representam os filos bacterianos Firmicutes (Gram-positivo), Bacteroidetes (Gram-negativo), Actinobacteria (Gram-positivo) e Proteobacteria (Gram-negativo).

No entanto, aproximadamente 90% de todas as espécies bacterianas que habitam o trato gastrointestinal humano de um adulto pertencem ao filo central Firmicutes (incluindo os gêneros Lactobacillus, Coprococcus, Clostridium e Enterococcus), que representa cerca de 40% a 65% do cólon, e o filo Bacteroidetes representado, por exemplo, pelo gênero Bacteroides, Prevotella e Desulfuribacillus.

Além disso, o filo Verrucomicrobia de baixa abundância (por exemplo, Akkermansia muciniphila) determina benefícios potenciais para o metabolismo humano. A microbiota intestinal também inclui vírus, especialmente bacteriófagos, Archaea e Eukarya, como Fungi, Blastocystis e Amoebozoa. O artigo ‘The role of probiotics and their metabolites in the treatment of depression’ foi publicado em 2023 no periódico científico Molecules – doi: 10.3390/molecules28073213

Uma doença importante

De acordo com o Ministério da Saúde, é imprescindível o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado da depressão. Por isso, é fundamental estar atento aos sinais e sintomas:

  • Humor depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia;
  • Desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as coisas;
  • Diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis;
  • Desinteresse, falta de motivação e apatia;
  • Falta de vontade e indecisão;
  • Sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero, desamparo e vazio;
  • Pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso, doença ou morte;
  • Interpretação distorcida e negativa da realidade: tudo é visto sob a ótica depressiva, um tom ‘cinzento’ para si, os outros e o mundo;
  • Dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento;
  • Diminuição do desempenho sexual e da libido;
  • Perda ou aumento do apetite e do peso;
  • Insônia, despertar matinal precoce (geralmente duas horas antes do horário habitual) ou, menos frequentemente, aumento do sono, mas, com sensação de sono a maior parte do tempo;
  • Dores e outros sintomas físicos não justificados, como dores de barriga, má digestão, azia, diarreia, constipação, flatulência, tensão na nuca e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de corpo pesado ou de pressão no peito, entre outros.

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