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Metabólitos produzidos pelos microrganismos intestinais

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O papel fundamental dos metabólitos intestinais

Escrito por: Adenilde Bringel

Além da microbiota, os pesquisadores da UNESP vão avaliar os metabólitos produzidos pelos microrganismos intestinais quando os probióticos são administrados, e como vão interagir com a microbiota residente. Esse fenômeno, chamado de cross-feeding, é justamente a alimentação cruzada e a troca de metabólitos – como energia e nutrientes –, entre diferentes espécies ou cepas de microrganismos. A professora Gislane Lelis Vilela de Oliveira explica que, dependendo do probiótico administrado ou do microrganismo que interage com o cross-feeding, determinados metabólitos serão produzidos. Os principais metabólitos da fermentação de carboidratos por bactérias intestinais são os ácidos graxos de cadeia curta. “Um dos principais, pensando em sistema imune, é o butirato, que age nessas tight junctions restabelecendo a barreira. O butirato também age na indução de um fator de transcrição que se chama FOXP3 para induzir células T reguladoras na lâmina própria do intestino”, descreve.

Essas células T reguladoras secretam citocinas ­anti-inflamatórias como interleucina (IL-10) e fator de crescimento transformador beta (TGF-β), uma proteína que desempenha um papel importante em diversas funções biológicas na lâmina própria e que é importan­te para a manutenção da tolerância na mucosa gastrointestinal. “Essa tolerância funciona para que o sistema imune não responda de maneira inflamatória ou exagerada à microbiota ou aos alimentos que ingerimos, gerando inflamação na mucosa intestinal. Além disso, podem induzir maior produção de IgA, uma imunoglobulina específica da imunidade de mucosa que tem uma interação bidirecional. Ou seja, a microbiota estimula a produção de IgA e a IgA, por sua vez, regula a composição da microbiota”, exemplifica.

A produção de peptídeos antimicrobianos pelas células de Paneth no intestino também pode ser estimulada com o uso de alguns probióticos. Esses peptídeos antimicrobianos fazem parte do sistema imune inato e auxiliam na defesa contra microrganismos patogênicos. “Os probióticos também auxiliam na maior produção do muco no intestino e funcionam como uma barreira que protege as células epiteliais, mantendo a microbiota e o sistema imune no seu lugar. Se esse muco sofre alguma alteração e fica mais fino pode facilitar a translocação, ou seja, a passagem de microrganismos para a lâmina própria”, destaca. Assim, a microbiota é considerada comensal enquanto está aderida ao muco ou no lúmen intestinal. Entretanto, se consegue passar para a ­lâmina própria vai se tornar patobionte. Neste caso, como a lâmina própria tem células do sistema imune, pode ocorrer uma resposta contra os microrganismos da ­própria microbiota induzindo a processos inflamatórios.

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