Prevenção da anemia ferropriva

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Aleitamento, alimentação e conhecimento ajudam na redução dos riscos

Escrito por: Elessandra Asevedo

A amamentação contribui para a prevenção da anemia ferropriva, por isso, deve ser oferecida por livre demanda e de forma exclusiva até os seis meses do bebê. O leite materno contém todos os nutrientes que a criança necessita, incluindo água. Após os seis meses deve-se introduzir alimentação complementar ao leite materno, que deve ser continuado até os dois anos da criança. Além disso, em qualquer situação ou faixa etária, a alimentação deve ser composta por representantes de todos os grupos alimentares, variada, diversificada, equilibrada e saudável. Em relação às fontes de ferro, o maior representante está no grupo das carnes, por ser um ferro de alto valor biológico e melhor absorvível pelo ser humano – chamado ferro heme. “No entanto, alimentos de origem vegetal ricos em ferro não heme também devem ser estimulados.

Em vegetarianos, por exemplo, a dieta deve ser orientada por profissional de saúde capacitado para que atinja as necessidades nutricionais com suplementações nutricionais de ferro, vitamina B12 e ácido fólico, sempre que necessário”, ensina a nutróloga Tania Mara Perini. Entre os alimentos de origem vegetal destacam-se como fonte de ferro os folhosos verde-escuros como agrião, couve, cheiro-verde e taioba; as leguminosas, por exemplo, feijões, fava, grão-de-bico, ervilha e lentilha; os grãos integrais ou enriquecidos; nozes e castanhas, melado de cana, rapadura e açúcar mascavo. Também estão disponíveis no mercado alimentos enriquecidos com ferro como farinhas de trigo e milho e cereais matinais.

A nutricionista Maria Claret Costa Monteiro Hadler reforça que, para melhorar o aproveitamento do ferro de origem vegetal, deve-se oferecer alimentos fonte de vitamina C, como abacaxi, laranja, goiaba, acerola, tangerina e caju, na mesma refeição. “A presença da carne na refeição também potencializa a absorção do ferro não heme. Além disso, existem fatores inibidores da absorção do ferro, como fitatos, polifenóis, cálcio e fosfatos. Por isso, deve-se evitar tomar chá preto, café e leite após a refeição para não atrapalhar a absorção do ferro”, ensina. O ferro heme, além de ser mais bem absorvido, tem absorção mais rápida e pouco influenciada pela dieta. A alimentação também tem papel importante na anemia quando acompanhada de outras medidas que visam sua recuperação e, muitas vezes, deve ser associada a medicamentos. No entanto, a nutróloga destaca que uma ação efetiva sobre a importância da alimentação e dos prejuízos ocasionados pela deficiência de ferro também depende do conhecimento e do nível de sensibilização dos profissionais da saúde.

O diagnóstico é realizado a partir de exames laboratoriais que incluem hemograma com análise de hemácias, hemoglobina e hematócrito, amplitude de distribuição de eritrócitos (RDW), ferritina, transferrina e nível sérico de ferro sanguíneo. O diagnóstico é definido pela concentração de hemoglobina, que deve ser maior de 12g/dL em mulheres e 11g/dL em gestantes e crianças. Já a ferritina é usada para avaliar a deficiência de ferro – estágio que antecede a anemia –, sendo baixa ou inadequada quando os valores são inferiores a 12μg/dL nas crianças aparentemente saudáveis, 30μg/dL em crianças com infecção ou inflamação, e 15μg/dL em gestantes no primeiro trimestre.

Programas – No Brasil, existem três programas de suplementação de micronutrientes, sendo dois voltados à prevenção da anemia em crianças: NutriSUS, por meio da fortificação da alimentação infantil com micronutrientes em pó para a prevenção da anemia em crianças de 6 a 24 meses de idade atendidas na atenção primária de saúde, e o Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF). Entre as estratégias para prevenção e controle das carências nutricionais há a fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico. “Além disso, existe a Estratégia Amamenta Alimenta Brasil (EAAB) que visa aprimorar as competências e habilidades dos profissionais de saúde para promoção, proteção e apoio à amamentação e à alimentação complementar saudável para crianças menores de 2 dois anos nas UBS, com o objetivo de promover a saúde dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)”, acentua a nutricionista Maria Claret Costa Monteiro Hadler. •

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