Emergência silenciosa do nascimento prematuro

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Mitos e verdades sobre a nutrição em prematuros

Escrito por: Elessandra Asevedo

O relatório Born too soon: decade of action on preterm birth faz um alerta sobre a ‘emergência silenciosa’ do nascimento prematuro para que seja reconhecida sua escala e gravidade. Entre os temas de fundamental importância estão a alimentação e nutrição nos primeiros dias de vida. O documento foi produzido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em conjunto com a  Partnership for Maternal, Newborn and Child Health (PMNCH).

A médica pediatra neonatal Renata Lorenzetti de Castro, coordenadora adjunta do Programa de Reanimação Neonatal Regional de Goiás, afirma que há mitos que envolvem a prematuridade. Um deles é de que o bebê prematuro não pode ser amamentado. “O bebê prematuro não só pode como deve ser amamentado sempre que possível, e desde que não se tenha situações específicas que contraindiquem o aleitamento materno”, enfatiza.

Por isso, durante a internação é realizada a extração do leite materno e a colostroterapia, desde as primeiras horas de vida. A médica ressalta que o leite materno é fundamental e é durante a internação que o prematuro passa pelo processo de desenvolvimento, amadurecimento e crescimento. “É através do leite humano que o bebê prematuro irá adquirir propriedades imunoprotetoras que são importantíssimas para o desenvolvimento de sua imunidade”, acentua.

Como os recém-nascidos prematuros apresentam um alto risco de déficit de crescimento pós-natal, a terapia nutricional é um aspecto importante dentro da UTI Neonatal (UTIN). Assim, nos primeiros dias de vida o prematuro passa por algumas fases de adaptação nas quais a nutrição parenteral – terapia nutricional inserida diretamente pela veia – pode ser necessária e exerce papel fundamental para garantia da saúde, visto que o intestino ainda não está preparado para absorver o volume grande de nutrientes.

“A nutrição por meio de sonda orogástrica deve ser iniciada o mais precocemente possível, a depender da condição clínica do bebê. O leite materno é o alimento de escolha e, sempre que possível, deve ser oferecido”, orienta a médica. Dependendo da necessidade nutricional do prematuro, para o adequado crescimento pode ser necessário colocar um aditivo do leite materno, aumentando a quantidade de proteína, caloria, cálcio e fósforo. Na ausência ou impossibilidade de oferecer o leite materno, as fórmulas para prematuros podem ser utilizadas.

Verdades

A médica pediatra afirma que a nutrição é tão importante quanto a oxigenação e qualquer outro cuidado com o bebê prematuro dentro da UTIN. “É um cuidado integral que envolve desde a nutrição e a oxigenação até protocolos de neuroproteção e cuidados centrados na família”, destaca. A nutrição desempenha um papel essencial para o desenvolvimento do recém-nascido, e é assim que o bebê irá obter os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.

Outra verdade é que o bebê prematuro é mais vulnerável às doenças. Como o sistema imunológico do prematuro é muito imaturo, o bebê tem mais risco de desenvolver infecções bacterianas, fúngicas e virais durante a internação na UTI neonatal. Após a alta hospitalar, uma das principais causas de reinternação são problemas respiratórios, geralmente por causas virais.

“Por isso, é importante manter os cuidados da equipe multidisciplinar durante toda a internação, assim como os cuidados gerais de toda a família. Além disso, a vacinação dos bebês durante a internação e no pós-alta é de grande importância, seguindo o calendário vacinal do prematuro”, reforça. A vacinação dos contactantes desses bebês também é importante, com destaque para as vacinas contra gripe e coqueluche.

Dados

A Organização Mundial da Saúde classifica todo bebê que nasce com menos de 37 semanas de gestação como prematuro. Os prematuros extremos são os que nascem antes das 28 semanas, os muito prematuros entre 28 e 31 semanas e 6 dias, e os moderados ou tardios são os que nascem entre 32 e 36 semanas e 6 dias de gestação. A prematuridade atinge 15 milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo – 1 em cada 10 bebês nasce prematuro. Por esse motivo, a OMS classifica o nascimento prematuro como uma emergência silenciosa.

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