Microrganismos e sua influência no sistema imune

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Microrganismos e sua influência no sistema imune

Escrito por: Adenilde Bringel

Na revisão científica ‘Probiotics: a dietary factor to modulate the gut microbiome, host immune system, and gut-brain interaction’, os cientistas do Instituto Central Yakult apresentaram as descobertas mais recentes a respeito do controle imunológico exercido por meio das interações diretas de probióticos com células hospedeiras. Os autores ressaltam que os probióticos afetam as células imunes do hospedeiro e têm efeitos positivos sobre câncer, doenças infecciosas – como as infecções do trato respiratório superior (IVAS, na sigla em inglês) –, alergias, doenças inflamatórias intestinais (DII – retocolite ulcerativa e doença de Crohn) e doenças autoimunes. “Os sistemas de vigilância imunológica de crianças, idosos, atletas e trabalhadores sobrecarregados de estresse são relativamente fracos, tornando essas populações suscetíveis a IVAS, como resfriado comum e gripe. A manutenção do sistema de vigilância imunológica reduz o risco de IVAS”, destacam.

Como parte desse sistema, a atividade das células natural killer (NK), que atacam células infectadas por vírus e patógenos, é um dos indicadores de imunidade. O aumento da atividade das células NK é importante na prevenção de IVAS, e diferentes estudos com lactentes, crianças, atletas e idosos mostraram que várias cepas probióticas, como Lactobacillus casei Shirota, Lactobacillus casei DN-114001, Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus OLL1073R-1, Lactobacillus brevis KB 290, Bifidobacterium animalis subsp. lactis BB-12; um sachê probiótico contendo Bifidobacterium bifidum W23, Bifidobacterium lactis W51, Enterococcus faecium W54, Lactobacillus acidophilus W22, Lactobacillus brevis W63 e Lactococcus lactis W58; além de Lactobacillus paracasei N1115 e Lactobacillus plantarum DR7 demonstraram eficácia contra essas infecções.

Apesar de a etiologia das doenças inflamatórias intestinais ainda não estar totalmente descrita, há hipóteses de que ocorra uma resposta aberrante da imunidade da mucosa em relação ao microbioma intestinal, acompanhada por uma variedade de manifestações inflamatórias e alterações na produção de citocinas. Embora o uso de probióticos nessas doenças, especialmente na retocolite, ainda seja controverso, há alguns relatos de que podem ser benéficos para os pacientes.

Por exemplo, Lactobacillus casei Shirota, Escherichia coli Nissle 1917, Lactobacillus rhamnosus GG, Lactobacillus rhamnosus e VSL#3 (contendo três espécies de Bifidobacterium, quatro espécies de Lactobacillus e Streptococcus thermophilus) tiveram efeitos positivos na DII em experimentos clínicos. Cientistas estudaram o efeito de uma bebida com Lactobacillus casei Shirota nos sintomas abdominais de 19 pacientes com retocolite ulcerativa. O índice de atividade da doença no grupo Lactobacillus casei Shirota foi significativamente menor em relação ao grupo controle. Além disso, em um estudo ex vivo, o complexo polissacarídeo-peptídeoglicano 1(PSPG-1) – um componente da parede celular do Lactobacillus casei Shirota – inibiu significativamente a produção da citocina inflamatória IL-6 em células mononucleares do sangue periférico de pacientes com a doença.

Em um estudo controlado randomizado de 187 pacientes com retocolite, o Lactobacillus rhamnosus GG não diminuiu significativamente as taxas de recaída em comparação com a mesalazina (tratamento padrão), mas o tratamento com Lactobacillus rhamnosus GG foi mais eficaz do que a mesalazina no prolongamento do tempo livre de recaída. Além disso, o microrganismo modulou a função das células dendríticas, levando a uma diminuição na proliferação de células T e na liberação de interleucina (IL)-2. Esses resultados sugerem que o Lactobacillus rhamnosus suprime a resposta imune hiperativa em pacientes com DII e estende o período de remissão. Em relação à eficácia de misturas probióticas, um outro estudo randomizado mostrou que o índice de atividade da doença em um grupo que recebeu VSL#3 foi significativamente menor do que no grupo placebo, aumentando a produção de IL-10 e diminuindo os níveis de IL-12 nas células dendríticas de pacientes com a doença, sugerindo que essa mistura probiótica tinha efeitos anti-inflamatórios.

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