As receitas milenares podem envolver folhas, flores, frutos, sementes, partes que crescem embaixo da terra e cascas, mas, de acordo com a análise brasileira ‘Plantas medicinais e o cenário da atenção farmacêutica no tratamento de distúrbios gastrointestinais’, realizada em parceria com a UFT e publicada no Brazilian Journal of Development, a folha é a parte mais aplicada nas receitas (totalizando 55%), seguida da casca com 16%, raiz, rizoma e sementes com 13% cada, e polpa com 3%. A aplicabilidade de plantas no tratamento de determinadas enfermidades é uma alternativa acessível e satisfatória, porém, sua utilização na terapêutica deve ser limitada. “O conhecimento sobre a forma correta de preparação é essencial, levando em consideração que diferentes partes de uma mesma planta podem ter substâncias distintas e apresentar outros efeitos terapêuticos, e até mesmo tóxicos”, avisa o pesquisador Marcio Trevisan.
A cartilha de orientações sobre o uso de fitoterápicos e plantas medicinais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforça que, como qualquer medicamento, a utilização incorreta desses compostos pode ocasionar problemas nos sistemas nervoso, renal e hepático, além de alterações na pressão arterial que podem levar a internações hospitalares e, em casos mais graves, à morte. A procedência também é fundamental para garantir a segurança em relação ao plantio, uso de agrotóxicos e armazenamento. “Outro ponto importante é que, muitas vezes, o uso das plantas pode mascarar o sintoma de alguma doença mais séria. A diarreia, por exemplo, pode ser sinal de algo mais grave. É preciso entender que, se não desaparecer o sintoma, o paciente tem de procurar ajuda médica para descobrir a causa do problema”, enfatiza a pesquisadora Maria Fernanda de Paula Werner, da UFPR.