A hipercolesterolemia familiar (HF) é uma doença genética que provoca níveis altos de colesterol no sangue. Dessa forma, deixa os acometidos mais propensos a desenvolverem enfermidades que atingem o coração e o cérebro, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Por meio de dados laboratoriais de nove mil brasileiros, obtidos na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou um levantamento inédito de estimativa dos casos possíveis no País.
O estudo ‘Prevalence and factors associated with possible cases of familial hypercholesterolemia in Brazilian adults: a cross-sectional study’ foi publicado na Scientific Reports, uma das revistas científicas mais citadas do mundo. Os resultados mostram que a doença afeta aproximadamente 1% dos adultos brasileiros. Isso significa que 1 a cada 104 adultos apresenta a possibilidade de ter hipercolesterolemia familiar. Esse número é superior ao registrado em diversos países, como Estados Unidos, que têm uma prevalência de 0,40%; China com 0,30% ou França, com 0,85%.
A possibilidade de ter a doença foi detectada por níveis de LDL colesterol muito altos no exame de sangue e pelo autorrelato de doença do coração prematura ou AVC. Os pesquisadores acreditam que, com os testes genéticos, esses números poderiam até ser maiores. “No Brasil, temos poucas informações da prevalência da HTA na população e pode ter lugares no País em que o diagnóstico não chega às pessoas”, destaca Ana Carolina Micheletti em entrevista para a assessoria de comunicação da Escola de Enfermagem da UFMG. Por isso, as informações obtidas por esse estudo são tão importantes.
De acordo com a pesquisadora, conhecer a dimensão do problema por meio do perfil lipídico com o exame de colesterol coletado pelo sangue é fundamental. Afinal, a determinação precoce da doença melhora a qualidade de vida dos indivíduos afetados por meio de orientações e tratamento adequado.
Estudo
O levantamento foi feito pela residente pós-doutoral Ana Carolina Micheletti Nogueira de Sá Gomide juntamente com a professora Deborah Carvalho Malta e o mestrando Elton Junio Sady Prates, da Escola de Enfermagem da UFMG. Além disso, colaboraram o residente pós-doutoral Crizian Saar Gomes e a professora Luisa Campos Caldeira Brant, ambos da Faculdade de Medicina da UFMG.
Subnotificada
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a hipercolesterolemia familiar é uma doença globalmente subdiagnosticada e subtratada. Dessa forma, esse levantamento inédito de estimativa dos casos mostra-se muito importante para ampliar o conhecimento do problema.