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Novos marcadores para o TEA

Escrito por: Elessandra Asevedo

O ­­­­­transtorno do espectro ­autista (TEA) se caracteriza pela alteração das funções do neurodesenvolvimento que interfere na capacidade de comunicação, linguagem verbal e não verbal, interação social e comportamento. Dentro do espectro são identificados graus que podem ser leves e com total independência – apresentando discretas dificuldades de adaptação – até níveis mais severos e de total dependência para atividades cotidianas por toda a vida. Essencialmente clínico, o diagnóstico é feito a partir da identificação de traços do espectro autista observados na criança, entrevistas com os pais e aplicação de métodos de monitoramento do desenvolvimento infantil durante as consultas de avaliação.

Alguns estudos relatam associação do TEA com alterações no metabolismo de proteínas e aminoácidos, levando pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, a desenvolverem uma pesquisa para identificar o perfil de proteínas e aminoácidos na urina de crianças com o transtorno para observar possíveis alterações que possam contribuir para o diagnóstico. Embora o TEA não tenha cura, o diagnóstico precoce permite o desenvolvimento de práticas para estimular a independência e a promoção de qualidade de vida e acessibilidade para essas crianças. De acordo com o pesquisador Ivo Lebrun, coordenador do estudo realizado pelo Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan, por meio dos biomarcadores presentes na urina é possível caracterizar melhor uma patologia ou disfunção, assim como verificar os estados fisiológicos de cada indivíduo.

Estes marcadores fisiológicos estão presentes nos exames de rotina que avaliam a população e vários podem ser dosados, como a glicose na urina e até mesmo os marcadores proteicos. A vantagem, segundo o pesquisador, é que esse tipo de monitoramento pode ser contínuo, é mais limpo do que trabalhar com fezes e menos invasivo que o sangue, cuja coleta causa estresse nas crianças – principalmente naquelas que têm o transtorno. “Além disso, a urina é um material de fácil coleta, feita em domicílio, gerando conforto para as crianças e os responsáveis”, acentua. Para o estudo, a primeira urina do dia foi coletada e armazenada em coletor estéril. As amostras foram transportadas com gelo seco até o laboratório do Instituto Butantan e colocadas em temperatura de -80°C.

Análises – Os pesquisadores analisaram amostras de urina de crianças ­diagnosticadas com TEA com idades entre 3 e 10 anos, e de crianças neurotípicas como grupo controle. Os participantes foram selecio­nados no Centro de Especialização Municipal do Autista, em Limeira, e na Associação de Pais e Amigos do Autista da Baixa Mogiana, em Mogi Guaçu, ambas no Estado de São Paulo. “Quando falamos de TEA há uma gama de indivíduos, desde aqueles com autonomia e vida social até os que não interagem com ninguém. Por isso, procuramos optar pelos casos médios a graves do ponto de vista médico para o estudo”, pontua o pesquisador.

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