Probióticos e as infecções urogenitais

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Estudo com mulheres avaliou ação probiótica do LcS

Escrito por: Adenilde Bringel

Probióticos têm sido amplamente estudados em numerosos casos de infecções urogenitais, administrados oral ou localmente. Dentre os benefícios estão prevenção e tratamento de vaginose bacteriana, infecção urinária, candidíase vulvovaginal e doenças sexualmente transmissíveis. Os mecanismos envolvidos incluem imunomodulação no hospedeiro, restauração da microbiota da vagina e interferência na colonização de bactérias patogênicas.

Além disso, uma interação entre a microbiota vaginal desequilibrada ou vaginose bacteriana e infecção genital por Papilomavírus humano (HPV) vem sendo documentada há alguns anos. Esfregaços de lesões intraepiteliais de baixo grau (LSIL) também estão associados a infecções por HPV de alto grau de risco. Por isso, pesquisadores da Bélgica desenvolveram um estudo para avaliar a influência dos probióticos no controle da infecção por HPV e da anomalia pré-cancerosa de LSIL.

Os cientistas também verificaram um possível efeito dos probióticos sobre o HPV causador de lesões pré-cancerosas na citologia cervical. De acordo com estimativas científicas, de 3% a 6% de esfregaços de exame de Papanicolau apresentam anomalias. No entanto, a maioria dessas alterações são citológicas e diminui com tratamentos, especialmente em mulheres na faixa dos 30 anos de idade.

O estudo 

O estudo piloto prospectivo controlado envolveu 54 mulheres com HPV positivo, com baixo grau de lesão escamosa intraepitelial, que foram acompanhadas por seis meses, e mulheres com diagnóstico de LSIL. As participantes foram recrutadas por indicação de ginecologistas que colheram os exames de Papanicolau (PAP) e pelo website sobre HPV da Universidade de Antuérpia, na Bélgica.

As participantes forneceram três amostras para testes de HPV durante a pesquisa (1 mês após o diagnóstico de LSIL, 3 meses após o diagnóstico e 6 meses após o diagnóstico). Todas as mulheres preencheram um questionário contendo 29 perguntas que incluíram característica demográfica, antecedentes clínicos, uso de medicação, métodos contraceptivos, higiene íntima, práticas sexuais, tempo de relacionamento com os parceiros, hábitos de fumo e de bebida, práticas saudáveis, nível de estresse diário e histórico de diagnósticos de PAP e câncer cervical na família.

Separadas em dois grupos, as participantes do grupo probiótico receberam um frasco diário de bebida probiótica contendo Lactobacillus casei Shirota, enquanto o grupo controle não recebeu qualquer intervenção. “Pedimos que não consumissem nenhum alimento contendo probiótico nos seis meses de estudo”, relatam os autores. As análises de amostras de PAP e de detecção de HPV foram realizadas no modo cego.

Resultados

O estudo piloto mostrou que as mulheres que ingeriram probiótico apresentaram duas vezes mais chances de cura das anomalias citológicas causadas pelas infecções por HPV em relação ao grupo controle. As participantes do grupo com probiótico também obtiveram taxas mais elevadas de cura contra o HPV, mas a diferença não se mostrou estatisticamente significativa. “De acordo com as evidências científicas, o tabagismo tende a baixar as chances de cura da infecção e das lesões citológicas”, avisam os autores.

Da mesma forma, a vulnerabilidade genética com histórico familiar de ocorrência de câncer/anomalia citológica cervical tende a ser um risco persistente de anomalias celulares induzidas pelo HPV. O estudo ‘Probiotics enhance the clearance of human papillomavirus-related cervical lesions a prospective controlled pilot study’ foi publicado em 2013 no European Journal of Cancer Prevention.

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