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Ancestralidade genética e risco de cirrose

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Ancestralidade genética

Escrito por: Fernanda Ortiz

Recentemente, uma pesquisa coordenada pela FMUSP constatou que a carga genética de ancestralidade indígena está associada ao maior risco de desenvolver cirrose grave e insuficiência hepática. O estudo ‘Prevalência, Epidemiologia, Caracterização e Mecanismos da Síndrome de Falência Aguda sobre Crônica do Fígado (ACLARA)’  – promovido e patrocinado pela Fundação Europeia para Estudo do Fígado (EF-CLIF) –, reuniu pesquisadores de 44 hospitais em sete países latino-americanos. O levantamento sugere que a ancestralidade genética pode estar relacionada a uma resposta inflamatória mais intensa no fígado. Entretanto, investigações futuras são necessárias para identificar os genes envolvidos neste processo.

Ao comparar informações genéticas de pessoas com ascendência nativo-americana (DNA de origem indígena) com grupos de ascendência europeia e africana, o estudo de coorte prospectivo analisou um conjunto abrangente de dados de 1.274 pacientes com cirrose agudamente descompensada, internados de forma não eletiva. “Investigamos o peso da ancestralidade e da raça nos pacientes com diagnóstico de cirrose grave, condição caracterizada por inflamação, falência de órgãos e alto risco de mortalidade em curto prazo”, descreve o professor Alberto Farias, que é coautor do estudo e coordenador da Rede Internacional de Pesquisa em Cirrose ACLARA. De acordo com os resultados, a cada 10% de ancestralidade nativo-americana aumenta em 8% o risco de forma grave de cirrose. Dessa forma, mesmo sem desconfiar, qualquer pessoa que tenha ancestralidade genética indígena se enquadraria neste perfil.

O professor comenta, ainda, que a pesquisa não se limitou a analisar as características raciais, pois um indivíduo pode ter traços físicos de uma raça e parte da carga genética de outra. “Essa condição é muito comum em países com processos de formação, a exemplo dos latino-americanos, onde ocorreu a miscigenação dos povos”, relata. Além dos achados neste estudo, a possibilidade de identificar pessoas com maior risco de desenvolver formas graves de cirrose poderá ser levada em consideração para futuros programas de Medicina de Precisão, preconizando a singularidade de cada paciente. Isso possibilitará um planejamento individualizado, diagnósticos precoces, tratamentos mais eficazes e, consequentemente, desfechos mais positivos. O artigo ‘Genetic ancestry, race, and severity of acutely decompensated cirrhosis in Latin America’ foi publicado na revista científica Gastroenterology em 2022. •

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