O enjoo, a náusea e até o vômito causados pelo movimento geralmente ocorrem devido a uma confusão na percepção de movimento chamada de cinetose. Em geral, esses sintomas surgem quando essas pessoas estão em avião, automóvel ou mesmo em parque de diversões, especialmente quando há muitas curvas ou giros em excesso, levando a um profundo desconforto e mal-estar.
De acordo com a Vestibular Disorders Association (VeDA), dos Estados Unidos, todos têm o potencial de sofrer cinetose, mas cerca de 10% da população é mais suscetível a essa percepção de movimento. Os grupos que apresentam maior probabilidade são as mulheres, especialmente as grávidas, pessoas de ascendência chinesa e crianças entre 2 e 12 anos de idade.
Segundo a médica otorrinolaringologista Juliana Anauate Alves de Aguiar, do Hcor, em São Paulo, a cinetose aparece quando o indivíduo está em movimento e o sistema visual manda a informação para o cérebro de que está parado. “Por exemplo, ao ler um livro ou mexer no celular no banco de trás do carro, o labirinto envia sinais de movimento, mas os olhos não, gerando uma incompatibilidade de sistemas”, sinaliza.
A situação pode ser agravada quando há um componente emocional envolvido. Por exemplo, indivíduos que criam pânico só de saber que poderiam ser submetidos a esse tipo de movimento. “Já atendi pacientes que passaram mal e nunca mais quiseram viajar. Mas, neste caso, devido a quadros de ansiedade associados”, detalha a médica.
Além dos meios de transporte
Quem tem cinetose também pode apresentar dificuldades com o uso de novas tecnologias, entre os quais alguns jogos de videogame e o uso de realidade aumentada. “Esses dispositivos também causam um conflito sensorial que gera mal-estar e, por isso, se tornam incompatíveis para a diversão ou até mesmo o trabalho”, revela a especialista.
Apesar de desagradável, é possível tratar esse conflito na percepção de movimento e ter mais qualidade de vida. Às vezes, o tratamento envolve apenas a reabilitação vestibular e os medicamentos para sedar o labirinto. “Entretanto, em alguns casos pode ser necessário o uso de medicamentos para tratar a ansiedade e até mesmo a indicação de terapia”, orienta a médica.
