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Infarto do agudo miocárdio

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Mulheres com doenças do coração morrem sem sintomas

Escrito por: Elessandra Asevedo

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil e no mundo, de acordo com o Ministério da Saúde. Embora essas enfermidades ocorram tardiamente no público feminino, tem crescido a ocorrência de doenças isquêmicas, como o infarto agudo do miocárdio, em mulheres com idade entre 15 e 49 anos. Ao não descobrir os sintomas, há um atraso no diagnóstico e no tratamento adequado. Esse fator impacta o índice de mortalidade e sobrevida, que é de 8,2 anos no público masculino e de 5 anos na população feminina.

“No Brasil, de cada 10 vítimas fatais por essas enfermidades, quatro são mulheres. Há 50 anos, o número não chegava a 10%”, aponta a médica cardiologista Lara Reinel de Castro, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Antes da menopausa, as mulheres possuem uma particularidade biológica a seu favor, que é a produção do estrógeno.

Este hormônio feminino facilita a dilatação dos vasos e a circulação do sangue, desempenhando um importante papel de proteção cardiovascular. No entanto, com a menopausa ocorre a perda desse aliado. Além disso, as mulheres, assim como os homens, também têm fatores de risco clássicos como hipertensão, dislipidemia (nível elevado de gordura no sangue), diabetes, tabagismo, sedentarismo e obesidade.

Diferenças

Enquanto nos homens os problemas cardíacos são geralmente causados por doença aterosclerótica obstrutiva, que impede a passagem de sangue na artéria por coágulo ou placa de gordura, nas mulheres podem estar também associados à microcirculação sanguínea (artérias menores). Os riscos para o público feminino aumentam quando há doenças autoimunes como artrite reumatoide e lúpus, a dissecção espontânea de coronária e a síndrome de Takotsubo, conhecida como síndrome do coração partido.

Também fazem parte do leque de riscos a terapia hormonal e os medicamentos antineoplásicos utilizados no tratamento do câncer de mama. A fase pré-menopausa, a síndrome do ovário policístico e as complicações da gravidez, a exemplo de eclampsia e diabetes gestacional, podem refletir em problemas cardíacos. “Soma-se a tudo isso os aspectos comportamentais e sociais, como dupla jornada de trabalho, estresse, depressão e outros problemas de saúde mental, além de violência de gênero”, complementa a especialista.

Sintomas atípicos 

Pesquisas mostram que menos da metade das mulheres recebe tratamento adequado para as doenças cardiovasculares. Em parte, isso se deve a sintomas atípicos que acabam sendo subestimados. Em um infarto, por exemplo, em vez da clássica dor no peito que irradia para o braço esquerdo, as mulheres podem apresentar manifestações menos características. Dentre eles estão desconforto no estômago e nas costas, cansaço, falta de ar, náusea, tontura, sudorese e sensação de ansiedade.

De acordo com a cardiologista, mais de 60% das pacientes que morrem com doença coronariana não têm sintomas específicos. Por isso, independentemente de gênero, é fundamental a adoção de um estilo de vida saudável para a prevenção. “Dieta equilibrada, prática regular de atividades físicas, cessação do tabagismo e controle do peso estão entre as recomendações”, orienta.

Igualmente importante é dormir bem, gerenciar o estresse e monitorar pressão arterial, colesterol, triglicérides e glicemia (taxa de açúcar no sangue). “Quem tem histórico de doença cardiológica precoce na família deve iniciar o acompanhamento médico 10 anos antes da idade do familiar que teve o problema”, finaliza.

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