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Diversidade da microbiota intestinal

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Microbiota e os mecanismos da obesidade infantil

Escrito por: Elessandra Asevedo

A obesidade é uma preocupação global de saúde e o número de crianças e adolescentes com sobrepeso é dramaticamente alto. Com isso, essa população fica mais propensa a desenvolver várias comorbidades, como dislipidemia, doença hepática gordurosa não alcoólica e diabetes mellitus tipo 2. Evidências recentes sugerem que a diversidade da microbiota intestinal está envolvida na regulação energética, juntamente com um estado inflamatório. Portanto, o desequilíbrio ou a disbiose intestinal devem ser reconhecidos como fatores que influenciam os mecanismos fisiopatológicos subjacentes à obesidade.

Muitos estudos mostraram diferenças na composição e diversidade da microbiota intestinal entre indivíduos com e sem obesidade. Além disso, o excesso de peso foi associado à baixa quantidade relativa de espécies bacterianas como Bacteroidetes e Actinobacteria, e à alta abundância relativa de Firmicutes. O desequilíbrio na proporção de Firmicutes e Bacteroidetes pode estar associado a diversas condições de saúde, incluindo obesidade, diabetes e doenças inflamatórias intestinais.

Para reverter esse desequilíbrio, cientistas sugerem que o consumo de prebióticos – utilizados como alimento pelas bactérias intestinais – pode ser uma estratégia para reverter anormalidades metabólicas na obesidade infantil. Com base nas informações, um estudo tailandês avaliou se a suplementação de inulina melhora a microbiota intestinal e as vias funcionais microbianas em crianças com obesidade.

O estudo

Para verificar a hipótese, 143 crianças com obesidade e índice de massa corporal (IMC) acima da média – com dois desvios-padrão (DPs) de referência de crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) – foram recrutadas. O estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo envolveu participantes  com idades entre 7 e 15 anos  designados para dois grupos. O grupo de intervenção recebeu suplemento de inulina extraído de alcachofra de Jerusalém tailandesa e o grupo placebo recebeu maltodextrina, além de fibras alimentares.

Todos os participantes receberam aconselhamento convencional mensal semelhante e acompanhamento por seis meses. Amostras fecais foram coletadas para análise do microbioma intestinal usando sequenciamento de 16S rRNA. A Investigação Filogenética de Comunidades por Reconstrução de Estados Não Observados foi realizada para inferir vias funcionais microbianas.

Aumento significativo

De acordo com os pesquisadores, houve um aumento significativo na alfa-diversidade no grupo que recebeu a inulina. A suplementação aumentou substancialmente Bifidobacterium, Blautia e Megasphaera. Além disso, aumentou várias bactérias produtoras de butirato, incluindo Agathobacter, Eubacterium coprostanoligenes e Subdoligranulum, em comparação com o outro grupo.

“O grupo da inulina mostrou uma diferença significativa nas vias funcionais do proteassoma e do metabolismo da riboflavina. Essas mudanças se correlacionaram com os resultados clínicos e metabólicos exclusivamente no grupo da inulina”, afirmam. Os autores concluíram que a suplementação de inulina promoveu significativamente a diversidade bacteriana intestinal e melhorou a disbiose da microbiota intestinal em crianças com obesidade.

Dessa forma, a modulação de vias funcionais pela inulina sugere um potencial para estabelecer interações benéficas entre a microbiota intestinal e a fisiologia do hospedeiro. Sendo assim, a suplementação de inulina pode ser um tratamento estratégico para restaurar o equilíbrio da microbiota intestinal e regular as funções na obesidade infantil. O estudo ‘Enhancing gut microbiota and microbial function with inulin supplementation in children with obesity’ foi publicado no International Journal of Obesity em 2024.

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