Desnutrição hospitalar no Brasil

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A desnutrição hospitalar no Brasil

Escrito por: Elessandra Asevedo

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRANSPEN/SBNPE), cerca de 60% dos pacientes hospitalizados estão desnutridos. A desnutrição hospitalar ​aumenta em quatro vezes o risco de lesão por pressão e em três vezes o tempo de internação, além de elevar consideravelmente os custos. Em 2001, dados históricos e clássicos do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI) já mostravam que a prevalência de desnutrição hospitalar no Brasil era de aproximadamente 50% e, desde então, não houve melhora ao longo do tempo.

De acordo com a médica Maria Isabel Toulson Davisson Correia, presidente da SBNPE, o principal motivo da desnutrição hospitalar é a doença. Entretanto, fatores sociais a exemplo de pobreza, maus hábitos alimentares e o avanço da idade também são importantes. “Além disso, o longo tempo de jejum para fazer exames para esclarecimento diagnóstico e/ou quando os pacientes são operados, assim como não gostar da comida do hospital e o desconhecimento médico sobre a importância da nutrição no contexto geral da doença são relevantes”, esclarece.

Os pacientes que mais sofrem com a desnutrição hospitalar são os idosos, em especial aqueles com várias doenças, além de indivíduos com câncer, aqueles submetidos a grandes cirurgias por traumas ou acidentes, assim como os que sofrem com infecções. E este cenário de desnutrição hospitalar no Brasil acomete tanto os hospitais públicos quanto os privados.

Por trás da desnutrição

O paciente desnutrido tem maior risco de complicações em geral, particularmente infecções, cicatrização inadequada ou maior risco para lesões por pressão. Ademais, tem maior risco de quedas, maior tempo de internação, mortalidade aumentada e mais probabilidade de reinternação hospitalar.

A desnutrição hospitalar também traz problemas para as instituições médicas, pois há uma menor rotatividade de leitos, aumento elevado de custos e gastos, bem como avaliação negativa relacionada à qualidade de assistência à saúde. De acordo com a médica, essa realidade só poderá ser alterada quando todos os pacientes em risco de desnutrição (idosos, pacientes com câncer, infecção e cirúrgicos) forem tratados precocemente com terapia nutricional.

A médica ressalta que tanto pacientes quanto familiares precisam saber que a terapia nutricional é um elemento adjuvante na abordagem daqueles em risco de desnutrição e, assim, demandarem que sejam tratados nutricionalmente concomitante ao tratamento da doença que causou a internação. “Isso é considerado um direito humano: direito a ser tratado nutricionalmente”, reforça.

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