Na revisão científica ‘Probiotics: a dietary factor to modulate the gut microbiome, host immune system, and gut–brain interaction’, pesquisadores do Instituto Central Yakult, em Tóquio, analisaram inúmeros estudos que confirmam os benefícios do uso de probióticos para diferentes questões de saúde. Uma parte da análise envolveu a ação das cepas probióticas para recém-nascidos, assim como para a microbiota das mulheres grávidas.
De acordo com os autores, estudos já mostraram que a microbiota intestinal de recém-nascidos por parto vaginal é muito afetada pela inoculação com os microrganismos da mãe, presentes na vagina e no reto. Em contrapartida, recém-nascidos de cesariana são fortemente afetados pela inoculação com microrganismos derivados do meio ambiente.
Assim, um experimento com 26 recém-nascidos chineses analisou os efeitos da ingestão de probióticos durante a lactação no processo de formação da microbiota intestinal. Nove bebês nascidos por cesariana tiveram uma diversidade α (alfa) significativamente menor da microbiota fecal aos 28 dias de idade, em comparação com três recém-nascidos por via vaginal. A diversidade α refere-se à riqueza de espécies e à abundância de cada espécie dentro de uma comunidade local ou habitat.
Para este estudo, os bebês receberam Bifidobacterium lactis Bi-07, Bifidobacterium lactis HN019 e o complexo Lactobacillus rhamnosus HN00. O resultado mostrou que as abundâncias relativas de Lactobacillus e Bifidobacterium na microbiota fecal aumentaram significativamente a partir dos três dias de idade nos sete recém-nascidos por cesariana alimentados com a mistura probiótica.
Mulheres grávidas
Os autores informam que a ingestão de Lactobacillus rhamnosus GG por mulheres grávidas e no pós-parto aumenta a diversidade bifidobacteriana e a prevalência de espécies de Bifidobacterium longum na microbiota fecal de seus bebês. Assim, há um incentivo ao desenvolvimento de uma microbiota infantil saudável. Para essa avaliação, pesquisadores isolaram cepas bifidobacterianas idênticas das fezes de cada mãe antes do parto e do recém-nascido (parto vaginal) após o nascimento. “A transmissão de cepas bifidobacterianas da mãe, portanto, influenciou muito a formação da microbiota intestinal neonatal”, acentuam.
Por outro lado, a administração de Lactobacillus fermentum CECT5716 isolado do leite materno humano e ofertado por seis meses para bebês de 6 meses a 12 meses levou à redução nas taxas de incidência de infecções gastrointestinais, infecções do trato respiratório superior e número total de infecções. “Isso sugere que a manutenção de uma microbiota intestinal materna saudável tomando probióticos é um determinante importante da microbiota intestinal e da saúde futura dos recém-nascidos”, afirmam.
Adultos
Mudanças na microbiota fecal dos adultos em resposta à ingestão de probióticos também foram relatadas na revisão científica. Por exemplo, em um ensaio randomizado, duplo-cego e cruzado controlado por placebo, cientistas examinaram a microbiota fecal de adultos saudáveis (23 a 55 anos) de ambos os sexos. A análise foi feita antes e após quatro semanas de consumo diário de uma cápsula contendo pelo menos 24 bilhões de Lactobacillus paracasei DG viável.
De acordo com os resultados, a ingestão do probiótico induziu um aumento na abundância relativa de Proteobacterias e do gênero Clostridiales Coprococcus e uma diminuição no gênero Clostridiales Blautia (que incluem uma variedade de gêneros patogênicos). “Relatórios anteriores indicam que um aumento na proporção de Blautia:Coprococcus por ingestão de Lactobacillus paracasei DG pode potencialmente conferir um benefício para a saúde de crianças autistas, indivíduos infectados pelo HIV e pacientes com síndrome do intestino irritável”, afirmam os autores. O artigo foi publicado em 2020 no periódico Microorganisms.