Probióticos para melhorar a microbiota vaginal

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Probióticos para melhorar a microbiota vaginal

Escrito por: Adenilde Bringel

Nas últimas décadas, os cientistas começaram a demonstrar que a regulação e o equilíbrio microbianos da mulher são essenciais para que a gravidez transcorra sem complicações. No intestino, os microrganismos que compõem a microbiota produzem substâncias antibacterianas e estimulam as junções oclusivas da barreira intestinal, impedindo a colonização e disseminação de microrganismos patogênicos. Esses fatores são associados a uma gravidez saudável.

O recém-nascido precisa de grande diversidade microbiana para uma colonização adequada e consequente maturação do sistema imune, do sistema nervoso entérico (específico do intestino) e da fisiologia digestiva. E isso depende diretamente da microbiota da mãe – principal doadora desses microrganismos.

Os avanços na metagenômica já permitiram aos cientistas demonstrar que a placenta abriga um microbioma rico e diverso, e estudos recentes sugerem que os fetos incorporam um microbioma inicial ainda no ambiente intrauterino, proveniente da microbiota materna. Algumas hipóteses científicas também sugerem que a colonização do trato gastrointestinal fetal por microrganismos provenientes da microbiota materna no ambiente intrauterino, seguida por uma resposta imune, tem alguma relação com a prematuridade espontânea.

Principal causa de mortalidade e morbidade na população pediátrica, a prematuridade acomete aproximadamente 15 milhões de bebês por ano no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com média de 10% do total de nascimentos. No Brasil, 10º colocado no ranking mundial, os números seguem a mesma tendência. Apesar do progresso na perinatologia, a prevenção do parto prematuro ainda é um problema importante em obstetrícia em nível global.

“A microbiota vaginal saudável, dominada por espécies de Lactobacillus (spp.), é um fator de proteção significativo contra infecções vaginais que estão potencialmente associadas à prematuridade. A perda de Lactobacillus spp. na flora vaginal aumenta o crescimento bacteriano anaeróbio, que pode posteriormente progredir para disbiose vaginal e vaginose bacteriana, que é amplamente aceito como um fator de risco para a prematuridade”, informam pesquisadores austríacos que desenvolveram um estudo prospectivo sobre o uso de probióticos em mulheres grávidas.

Os cientistas da Divisão de Obstetrícia e Medicina Feto-Maternal, Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade Médica de Viena trataram mulheres com disbiose vaginal no primeiro trimestre de gravidez usando uma preparação de lactobacilos aplicada por via vaginal para restaurar a microbiota normal, a fim de atrasar a taxa de parto prematuro. “Inscrevemos 129 mulheres com microbiota vaginal intermediária e pontuação de Nugent de 4, das quais 119 com lactobacilos vaginais foram atribuídas ao grupo de microbiota vaginal intermediária e pontuação de Nugent de 4 com lactobacilos e 10% sem lactobacilos vaginais foram atribuídos ao grupo de microbiota vaginal intermediária e uma pontuação de Nugent de 4 sem lactobacilos”, descrevem.

Os resultados mostraram que, entre as mulheres sem lactobacilos, a pontuação de Nugent diminuiu quatro pontos apenas naquelas que receberam tratamento, e a idade gestacional no parto e o peso ao nascer neonatal foram significativamente maiores no subgrupo tratado do que no subgrupo não tratado. “Este pequeno estudo encontrou uma tendência de benefício do tratamento com lactobacilos vaginais durante a gravidez”, ressaltam os autores. O artigo ‘Effect of vaginal probiotics containing Lactobacillus casei rhamnosus (Lcr regenerans) on vaginal dysbiotic microbiota and pregnancy outcome, prospective, randomized study’ foi publicado em 2023 na Scientific Reports, do grupo Nature.

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