Customize Consent Preferences

We use cookies to help you navigate efficiently and perform certain functions. You will find detailed information about all cookies under each consent category below.

The cookies that are categorized as "Necessary" are stored on your browser as they are essential for enabling the basic functionalities of the site. ... 

Always Active

Necessary cookies are required to enable the basic features of this site, such as providing secure log-in or adjusting your consent preferences. These cookies do not store any personally identifiable data.

Functional cookies help perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collecting feedback, and other third-party features.

Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics such as the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.

Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.

Advertisement cookies are used to provide visitors with customized advertisements based on the pages you visited previously and to analyze the effectiveness of the ad campaigns.

Logo Yakult 90 anos - Site
enptes
Ansiedade e sentimento de culpa

• Matérias da Edição

| Saúde

Terrorismo nutricional leva a desequilíbrios

Escrito por: Elessandra Asevedo

Caracterizado por uma classificação simplista dos alimentos, o termo terrorismo nutricional tem sido usado para descrever práticas ou discursos que, sob o pretexto de promover saúde e bem­estar, geram medo e ansiedade excessivos em relação aos alimentos. Esse fenômeno ocorre quando certos alimentos ou nutrientes são considerados vilões de forma exagerada, levando as pessoas a evitarem ingeri-los por receio de efeitos negativos que nem sempre são embasados cientificamente. Essas informações distorcidas ou apresentadas de forma sensacionalista podem levar a desequilíbrios nutricionais, deficiências de vitaminas e minerais, além de outros efeitos adversos em longo prazo. No entanto, o que mais chama a atenção é o efeito psicológico que essa pressão pode causar, levando ao desencadeamento de ansiedade, sentimento de culpa ou até mesmo transtornos alimentares.

O termo terrorismo nutricional começou a ser utilizado a partir dos anos 2000 em substituição a ‘nutricionismo’, denominação que surgiu na década de 1990. Naquela época, a indústria alimentícia se tornou grande propagadora de mensagens nutricionais utilizando os achados da ciência para reforçar o medo de que os corpos estivessem em perigo. Assim, a indústria oferecia uma gama de produtos que solucionavam os tais ‘problemas’ com a promessa de fazer um milagre, e apresentava outros alimentos como grandes vilões, sugerindo a exclusão do consumo em definitivo.

De acordo com a nutricionista clínica Daniela Cierro, integrante da equipe de consultores técnicos da Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), o pesquisador australiano Gyorgy Scrinis, autor do livro Nutricionismo: a ciência e a política da orientação nutricional, faz uma citação importante sobre o tema. O autor afirma que, na tentativa de explicar todos os problemas alimentares em termos de nutrientes, o conceito só fez agravar o problema e retirou das pessoas o poder de decidir de maneira simples sobre algo que sempre fizeram, ou seja, comer. “Desde então, houve uma decodificação direcionada da informação nutricional acompanhada de discursos e conselhos definitivos que prometem reduzir sinais, sintomas e até doenças crônicas, excluin­do totalmente alguns alimentos ou nutrientes”, informa.

De maneira geral, os alimentos começaram a ser categorizados como bons ou ruins, saudáveis ou não saudáveis, permitidos ou proibidos. Essa tendência envolveu desde um alimento específico, como o ovo ou o leite; um grupo alimentar inteiro, por exemplo, carboidratos e gorduras; ou uma abordagem alimentar, como o jejum intermitente. Assim, o terrorismo nutricional passou a reduzir o alimento apenas pela função isolada ou pela quantidade de calorias, ignorando os fatores fisiológicos, nutricionais, culturais, econômicos e até mesmo afetivos, e transformando o ato de comer em uma fonte de angústia e medo.

Atualmente, o terrorismo nutricional tem ganhado força e ficado cada vez mais comum por causa do maior acesso às redes sociais. Nessas plataformas, influenciadores e autointitulados ‘gurus da nutrição’ compartilham dicas sem comprovação científica, fomentando crenças errôneas sobre alimentos considerados bons ou ruins. “Por meio desse terrorismo e da falta de uma orientação nutricional correta há uma manutenção desse mercado, porque as pessoas ficam insatisfeitas e começam a comprar novas promes­sas, seja um novo produto, um novo livro, uma nova fórmula mágica ou até um novo programa de emagrecimento, fortalecendo a diet culture”, acrescenta a médica endocrinologista e doutora em Ciências Médicas Cristina Schreiber, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

A nutricionista Daniela Cierro acentua que é possível identificar o terrorismo nutricional quando o discurso é intimidador, radical e generalista, com o intuito de defesa de uma causa muitas vezes duvidosa. Por exemplo, quando dizem que comer muita proteína é importante para hipertrofiar, enquanto os carboidratos viram tecido adiposo. “Esse discurso atinge muitos adolescentes e adultos jovens que deixam de comer carne, frango e peixe e acreditam que precisam consumir suplementos em pó. Também acham fundamental excluir alimentos denominados como vilões, de forma generalizada e altamente danosa à saúde”, alerta.

DIREITOS RESERVADOS ®
Proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Companhia de Imprensa e da Yakult.

Posts Recentes

• Mais sobre Matérias da Edição