O cérebro, desde a infância, passa por inúmeras mudanças estruturais e funcionais antes de atingir a maturidade. Esse processo é natural e progressivo, englobando o aumento de peso cerebral e o desenvolvimento de funções primárias. Dentre elas estão as funções sensoriais, motoras e de associação, bem como funções corticais que incluem raciocínio, planejamento e autocontrole. Por isso, cuidar da saúde mental por meio do diagnóstico e tratamento precoce é essencial para o bem-estar geral.
Embora ainda persista um tabu em relação aos transtornos psiquiátricos, a psiquiatra Renata Figueiredo observa uma mudança positiva na percepção pública e um aumento significativo na busca por ajuda preventiva. Esses fatores são benéficos tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. “Apesar da melhor conscientização, ainda enfrentamos um grande estigma associado a doenças psiquiátricas como depressão, ansiedade, esquizofrenia e dependência química”, afirma a médica, que é presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília (APBr).
Esses transtornos afetam cerca de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dados recentes indicam, por exemplo, que 14% desse total é formado por adolescentes, o que exige ainda mais atenção e cuidado. Por isso, a prevenção é considerada essencial. Para isso, é preciso manter um estilo de vida equilibrado que inclui alimentação saudável, atividade física regular, manejo eficaz do estresse e um sono adequado. “Além disso, a construção de um ambiente social e emocionalmente saudável fortalece a rede de apoio social e é vital para o bem-estar geral”, acentua a psiquiatra.
Acompanhamento integral
De acordo com a médica, o diagnóstico e o tratamento precoce também são cruciais. Afinal, a intervenção nas fases iniciais de um transtorno psiquiátrico pode aumentar substancialmente as chances de recuperação total. Além disso, os avanços nas neurociências têm enriquecido a Psiquiatria com tratamentos mais eficazes e personalizados, respeitando a singularidade de cada paciente e possibilitando essa recuperação.
A integração de cuidados para a saúde mental também precisa de uma abordagem holística. Para isso, deve considerar tanto os fatores biológicos quanto psicossociais, favorecendo uma recuperação duradoura. A psiquiatra ressalta, ainda, que é preciso encorajar a busca por ajuda quando necessário e a investir em prevenção. “Continuar a educar o público sobre a natureza tratável das doenças psiquiátricas e promover a busca por ajuda como um sinal de força são passos fundamentais para uma sociedade mais empática e solidária”, defende.
