As dores na região da pélvis podem ser ocasionadas pela endometriose ou por varizes pélvicas, que têm sintomas semelhantes, mas com diagnósticos bem diferentes. A endometriose, doença que atinge cerca de 10% da população feminina em idade reprodutiva, ocorre quando o endométrio cresce para fora do útero, atingindo outros órgãos. Já as varizes pélvicas são caracterizadas pela dilatação das veias na região próxima ao ovário e útero.
Essa dilatação das veias leva ao aumento do fluxo sanguíneo na área. Por consequência, leva ao desenvolvimento de dor de intensidade variável que, geralmente, é tolerável pela manhã. Entretanto, à noite tende a se transformar em uma sensação de opressão difícil de controlar. A explicação por trás dos altos e baixos de dor está na circulação venosa insuficiente.
Quando a mulher está deitada, o sangue que fica estagnado na região pélvica flui para o coração, reduzindo a intensidade da dor. Quando fica em pé, a massa de sangue se acumula no baixo-ventre, pesando nos tubos venosos da pelve. Assim, o desconforto aparece. “A doença é pouco conhecida entre as mulheres, por isso, pode ser confundida com outras como a endometriose”, explica o médico ginecologista Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP).
Além disso, geralmente há demora no diagnóstico, o que leva a um sofrimento desnecessariamente prolongado. Para detectar o problema é necessário um exame realizado tanto externamente, com a sonda apoiada na pele, quanto endovaginalmente usando ultrassom. O tratamento é feito com cirurgia. A técnica utilizada para este tipo de distúrbio é altamente avançada e minimamente invasiva, não envolve cortes ou incisões de qualquer tipo e é realizada em regime ambulatorial.
Endometriose
A doença ocorre quando os restos da menstruação não são expelidos adequadamente e são liberados na tuba uterina ou no interior da pélvis. Isso faz com que o endométrio comece a crescer sobre outros órgãos além do útero, formando manchas de tecido endometrial. Esse tecido se insere e se desenvolve em áreas periféricas como ovários, intestino e bexiga e, em casos mais incomuns, pode invadir áreas mais distantes como pulmão, fígado e até mesmo o coração.
Entre os principais sintomas da endometriose destacam-se as cólicas de forte intensidade e a dificuldade em engravidar. “Cólicas mais intensas que afetam a rotina, ou com características diferentes das habituais, devem ser encaradas como sinal de alerta. Dessa forma, o acompanhamento médico e uma relação franca com o ginecologista é muito importante. O diagnóstico precoce é fundamental para devolver a qualidade de vida à mulher com endometriose”, pontua o especialista.