Soro antiveneno contra loxoscelismo

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Soro contra veneno de aranha-marrom

Escrito por: Elessandra Asevedo

Aranhas do gênero Loxosceles, conhecidas como aranha-marrom, estão distribuídas em regiões tropicais e temperadas em todo o mundo. As picadas destes animais podem evoluir para necrose, com ou sem hemólise intravascular. Como não há consenso sobre o melhor tratamento para prevenir o surgimento da necrose, um estudo do Instituto Butantan avaliou os fatores associados ao seu desenvolvimento e o impacto que a administração de soro antiveneno tem na evolução do loxoscelismo cutâneo.

Os pesquisadores acompanharam pacientes com diagnóstico de loxoscelismo, tratados ou não com soro antiofídico, a fim de avaliar a evolução da lesão cutânea. O estudo observacional, prospectivo foi realizado durante um período de seis anos (novembro de 2014 a novembro de 2020). Os pacientes eram do Hospital Vital Brasil (HVB) do Instituto Butantan, considerado centro de referência no manejo de envenenamentos por animais peçonhentos.

Durante este período, 186 pacientes com diagnóstico de picadas de aranha foram internados no hospital e, destes, 146 foram incluídos no estudo. Dependendo das manifestações apresentadas os pacientes receberam o soro antiaracnídeo polivalente – soro antiaracnídico (SAA) – produzido pelo Instituto Butantan.

“Apenas 20% dos pacientes do estudo capturaram a aranha para identificação e observamos que outras pesquisas também relatam uma baixa frequência de identificação de aranhas”, explicam os pesquisadores. Portanto, na maioria dos casos, o diagnóstico de loxoscelismo é baseado exclusivamente na história do paciente, características da lesão e presença de manifestações sistêmicas.

Os exames laboratoriais foram realizados na admissão, na primeira semana após a alta e sempre que considerado necessário. Já a lesão cutânea foi avaliada na admissão e nas visitas semanais, sendo medida ao longo dos maiores eixos e calculada a área retangular. Nos pacientes que apresentaram mais de uma picada foi utilizado o somatório das áreas.

Resultados

Mais de 60% dos pacientes do estudo evoluíram para algum grau de necrose, incluindo necrose puntiforme. “Em vários estudos sobre os efeitos do veneno de aranha, a necrose foi relatada como bastante comum e foi tratada com uma variedade de terapias, incluindo antimicrobianos e corticosteroides”, pontuam os autores.

Os pesquisadores observaram que pacientes admitidos mais cedo e que receberam antiveneno em menos de 48 horas após a picada tiveram menor probabilidade de desenvolver necrose. Esse achado sugere que a administração do SAA tem efeito protetor, especialmente quando administrado prontamente. Mesmo os pacientes que receberam antiveneno após 60 horas da picada tiveram menor probabilidade de desenvolver úlcera cutânea. O estudo ‘Impact of antivenom administration on the evolution of cutaneous lesions in loxoscelism: A prospective observational study foi publicado no periódico PLOS em 2022 – doi: 10.1371/journal.pntd.0010842.

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