Com raízes profundas na cultura de Okinawa, no Japão – uma das áreas de longevidade até os dias atuais –, a expressão japonesa ‘Ikigai’ reflete a filosofia de encontrar propósitos e significados na vida. Para o geriatra Emilio Hideyuki Moriguchi, ter um propósito de vida é, sem dúvida, um combustível diário para um envelhecimento longínquo e saudável. Por isso, estabelecer objetivos, definir estratégias, investir em autocuidado ou simplesmente ter um motivo para acordar todas as manhãs são fatores que ajudam no envelhecimento com qualidade. “Seja com um novo aprendizado, um trabalho voluntário, em atividades que estimulem a saúde física e mental, na dedicação à família ou na conexão com a comunidade, é preciso fazer o que se ama, buscando excelência em propósitos que garantam pertencimento e levem a uma existência longa e feliz”, acentua.
Os estudos realizados com as populações centenárias corroboram a afirmação da importância de associar longevidade a uma razão para viver, uma vez que várias pesquisas já demonstraram cientificamente que essa atitude diante da vida ajuda a manter esses indivíduos saudáveis por mais tempo. Entretanto, encontrar um propósito de vida nem sempre é um processo simples para todos. Enquanto muitos indivíduos sabem o que desejam da vida desde a infância, outros descobrem no decorrer dos anos e há aqueles que passam toda a vida sem um propósito definido.
Entretanto, o professor da UFRGS lembra que nunca é tarde para definir um propósito de vida. “Se for preciso, resgate sonhos de criança como, por exemplo, aprender a dançar, desenhar, pintar, nadar. O fundamental é iniciar a jornada, se autoconectar e seguir com obstinação. Afinal, sentir-se bem com a vida é um aspecto fundamental para envelhecer com saúde e chegar aos 100 anos com lucidez e disposição”, argumenta.