A leptospirose é uma doença de notificação compulsória às autoridades de saúde desde 1993. De acordo com o Boletim Epidemiológico de Leptospirose, divulgado pelo Governo Federal, em 2023, foram notificados 13.279 casos da enfermidade, com letalidade média de 9%. Embora não seja tão comentada, a leptospirose segue causando vítimas em diversas regiões do Brasil. Os fatos ocorrem principalmente em períodos de fortes chuvas, por causa do contato com águas contaminadas em alagamentos e enchentes.
A médica infectologista Michelle Zicker, do São Cristóvão Saúde, explica que essa doença infecciosa febril aguda é causada pela bactéria Leptospira. A transmissão ocorre a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados, principalmente ratos. A bactéria penetra por meio de lesões na pele, mucosas ou por longos períodos em água contaminada. “Assim, as inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos e tornando os casos mais frequentes no período de calor e chuvas”, complementa.
Os principais sintomas da fase precoce são febre, dor de cabeça, dor muscular – principalmente nas panturrilhas –, falta de apetite, náuseas e vômitos. Em aproximadamente 15% indivíduos contaminados ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que normalmente iniciam-se após a primeira semana da doença. Nas formas graves, a manifestação clássica é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia: tonalidade alaranjada da pele muito intensa, insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar.
Cuidados necessários
Os antibióticos e outras medidas de suporte são parte da orientação médica e podem agir em qualquer período da doença. Entretanto, a eficácia costuma ser maior na primeira semana do início dos sintomas. Já a escolha do antimicrobiano depende do estágio da doença.
Casos leves podem ser tratados em ambulatório, mas os casos graves precisam de internação hospitalar. Contudo, a automedicação não é indicada, pois pode agravar a doença. “Como a ocorrência está relacionada a condições sanitárias precárias e alta infestação de roedores infectados, a prevenção está diretamente ligada à melhoria nos programas de saneamento e de higiene”, reforça a especialista.
Como evitar
- Consumir água potável, filtrada, fervida ou clorada
- Ter cuidado com a lama de enchentes, que têm alto poder infectante e aderem a móveis, paredes e chão
- Recomenda-se retirar essa lama sempre com a proteção de luvas e botas de borracha, lavar o local e desinfetar com uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%.
- Sempre evitar o contato com as águas contaminadas em alagamentos ou enchentes e lama, e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas áreas.
- Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha.
- Para o controle dos roedores, recomenda-se acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes.