Probióticos na melhora da saúde de idosos

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Probióticos na melhora da microbiota de idosos

Escrito por: Adenilde Bringel

O envelhecimento da população mundial traz grandes desafios relacionados à saúde e ao bem-estar. Isso porque, na medida em que as pessoas envelhecem há um aumento significativo de doenças crônicas relacionadas à idade, tais como enfermidades cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças neurodegenerativas. Essencial para as funções metabólicas, nutricionais e imunológicas, a microbiota intestinal também sofre mudanças significativas com o passar dos anos. Por isso, é ainda mais importante em idosos devido às mudanças na fisiologia, imunidade e microbiologia que acompanham o envelhecimento. Assim, estudos recentes destacam o potencial dos probióticos em influenciar a microbiota intestinal para apoiar a saúde e combater doenças relacionadas à idade.

Estudados desde meados do século XX, os probióticos têm se firmado como uma estratégia promissora para reequilibrar o microbioma intestinal, aumentar a função imunológica e melhorar a saúde geral. No entanto, a eficácia pode variar com base em vários fatores, como as cepas específicas e a composição única da microbiota intestinal de cada indivíduo – que pode ser influenciada pelo estilo de vida, dieta e uso de medicamentos, incluindo antibióticos. De acordo com pesquisadores de Taiwan que desenvolveram um estudo sobre o tema, é crucial entender que a eficácia dos probióticos depende da correspondência precisa de cepas específicas com as condições certas. “Além disso, sua integração no intestino varia entre os indivíduos devido a ambientes microbianos únicos”, destacam.

Para comprovar a hipótese, os pesquisadores desenvolveram um estudo em que analisaram a microbiota intestinal de 297 idosos. O objetivo era identificar assinaturas probióticas e explorar o perfil da microbiota intestinal, assim como atributos demográficos e clínicos associados a diferentes assinaturas probióticas. “Esta análise é crucial para identificar cepas probióticas que poderiam efetivamente complementar ou melhorar a microbiota intestinal existente em idosos, abrindo caminho para intervenções probióticas personalizadas”, defendem. Os autores utilizaram  sequenciamento metagenômico avançado para explorar o potencial de suplementos probióticos personalizados nos idosos, analisando a microbiota intestinal de cada um deles.

Achados

Durante as análises, os autores identificaram assinaturas distintivas de Lactobacillus Bifidobacterium na microbiota intestinal dos idosos participantes do estudo. O resultado  revelou padrões probióticos associados a várias características populacionais, composições microbianas, funções cognitivas e resultados de neuroimagem. “Esses insights sugerem que suplementos probióticos personalizados, projetados para corresponder ao perfil probiótico individual, poderiam oferecer um método inovador para lidar com doenças relacionadas à idade e declínios funcionais”, afirmam.

De acordo com os pesquisadores, as descobertas aprimoram a base de evidências existente para o uso probiótico entre idosos, destacando a oportunidade de criar estratégias ainda mais direcionadas e eficazes. No entanto, pesquisas adicionais são necessárias para validar os resultados e avaliar o impacto dos probióticos de precisão nas populações envelhecidas. “Estudos futuros devem empregar desenhos longitudinais e coortes maiores para demonstrar conclusivamente os benefícios dos tratamentos probióticos personalizados”, avaliam. O artigo ‘Precision probiotics supplement strategy in aging population based on gut microbiome composition’ foi publicado em 2024 no periódico Briefings in Bioinformatics.

Desafios

De acordo com o relatório ‘Envelhecimento no Século XXI: Celebração e Desafio’, publicado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pela HelpAge International, de Londres, em 1950 havia 205 milhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo. Hoje, a cada segundo duas pessoas celebram seu sexagésimo aniversário no planeta – com um total anual de quase 58 milhões de celebrações. Uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos de idade ou mais e, para 2050, as projeções indicam que os idosos sejam 2 bilhões de habitantes.

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