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A importância da microbiota intestinal

Escrito por: Adenilde Bringel

Vários têm uma longa história de uso como formulações promotoras da saúde em produtos de venda livre e na prática clínica. O interesse dos pesquisadores nas funções benéficas dos bacilos formadores de esporos também está crescendo rapidamente, o que se justifica por seus múltiplos efeitos benéficos em hospedeiros eucarióticos e propriedades tecnológicas devido à alta capacidade dos esporos de sobreviver sob várias condições de estresse – que são intoleráveis para as células vegetativas. Curiosamente, a Escherichia coli Nissle1917 talvez seja um dos probióticos comerciais mais antigos conhecidos (junto com Lacticaseibacillus paracasei Shirota – anteriormente ­Lactobacillus casei Shirota) com uma ampla gama de efeitos benéficos.

O doutor Michael Leonidas Chikindas, professor do Department of Food Science da Rutgers State University, nos Estados Unidos, e do Department of General Hygiene, I.M. Sechenov First Moscow State Medical University, e diretor do Center for Agrobiotechnology Laboratory at Don State Technical University, em Rostov-on-Don, os dois últimos na Rússia, afirma que o reconhecimento do papel da microbiota intestinal em praticamente todas as funções corporais do hospedeiro eucariótico e a capacidade dos probióticos de modular a saúde estão entre as maiores conquistas de várias comunidades profissionais, incluindo pesquisadores, médicos, veterinários e a indústria. Além disso, ressalta que os probióticos têm muitas ‘responsabilidades’. “No intestino, os probióticos protegem contra patógenos, auxiliam na modulação da microbiota intestinal comensal, na assistência do processo digestivo e na melhoria da função da barreira intestinal, entre outros benefícios”, diz.

Os probióticos também mostraram capacidade de ajudar a combater o estresse e melhorar o humor, a memória e a função cognitiva em vários estudos desenvolvidos com animais e humanos. Para o professor, a maneira mais óbvia de fornecer probióticos para pessoas e animais é por meio de alimentos e rações, respectivamente. “E, é claro, as funções promotoras da saúde começam no intestino, mas se estendem por todo o corpo. Alguns probióticos, mas não todos, também podem ajudar no funcionamento saudável dos sistemas imunológico, endócrino, nervoso central e periférico do hospedeiro, e até mesmo promover a longevidade”, acentua.

De acordo com o professor, a introdução de microrganismos promotores da saúde (probióticos) nos alimentos deve ser acompanhada de uma melhoria global da qualidade nutricional e do valor dos alimentos para toda a sociedade. E uma vez que essa condição seja atendida, o papel e a capacidade dos probióticos de melhorar e manter a saúde da população são enormes. “É impossível esperar benefícios inovadores dos probióticos em uma população que consome principalmente doces, alimentos enlatados, refrigerantes e produtos processados. Uma nutrição adequadamente balanceada e acessível é uma obrigação de qualquer sociedade civilizada. A expres­são popular ‘somos o que comemos’ deve ser lembrada porque, muitas vezes, comemos ‘coisas’ que colocam nossos corpos em choque. Infelizmente, o corpo raramente nos fala sobre isso, exceto nos casos em que esse choque já se tornou ­insuportável”, enfatiza.

Ambientes

O professor Michael Leonidas Chikindas acrescenta que, embora alguns probióticos tenham uma ampla gama de benefícios para a saúde, existem algumas cepas que demonstraram funcionar melhor em determinados ambientes. Assim, é necessária uma abordagem seletiva na escolha de alimentos que possam ser utilizados para fornecer probióticos para a população em geral, para jovens ou idosos, ou mesmo para profissionais com alto risco de estresse, entre outros grupos. “Nem todo produto alimentício é um veículo adequado para fornecer probióticos ao consumidor. Por isso, uma abordagem inteligente para escolher a combinação certa de alimentos e probióticos é essencial”, ressalta. Por exemplo, em comparação com os probióticos não formadores de esporos, os probióticos formadores de esporos têm maior probabilidade de sobreviver e fornecer seus efeitos benéficos quando usados em alimentos que requerem aquecimento.

O professor conta que, para o curso de laboratório ‘Microbiologia de Alimentos’, todos os anos compra comprimidos e cápsulas com vários probióticos de fabricantes conhecidos e não tão conhecidos no supermercado local. E, todos os anos, pelo menos um produto que não expirou não contém células vivas. “Como exatamente o probiótico foi produzido e em quais condições suas qualidades foram testadas, bem como a capacidade do probiótico de sobreviver em condições de armazenamento, são alguns dos principais parâmetros que afetam a eficácia do probiótico. São vários os desafios, mas todos podem ser resolvidos se houver uma abordagem sistemática para lidar com essas questões”, garante. Outro assunto importante na área é o crescente interesse pelos pós-bióticos, que são derivados não vivos de vários microrganismos benéficos (não necessariamente probióticos) e, ao mesmo tempo, possuem qualidades promotoras da saúde.

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