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| Saúde

Fome oculta coloca bilhões de pessoas em risco

Escrito por: Fernanda Ortiz

Publicado em outubro de 2024 na revista The ­Lancet, o artigo ­‘Global ­estimation of ­dietary ­micronutrient ­inadequacies: a modelling ­analysis’, mostrou que a ingestão inadequada de micronutrientes como ferro, zinco, vitamina A, iodo e folato, entre outros, e as deficiências relacionadas – fenômeno conhecido como fome oculta – são um grande desafio para a saúde pública global. Essa condição de carência nutricional prevalente, crescente e silenciosa ocorre quando a dieta é deficiente em um ou mais dos 26 micronutrientes essenciais para o adequado funcionamento do organismo, ou seja, vitaminas e minerais encontrados nos alimentos. Quando não identificada precocemente, essa deficiência nutricional pode resultar em problemas significativos de saúde que contribuem para uma grande carga de morbidade e mortalidade. Em decorrência de inadequações na qualidade da alimentação, essa forma de desnutrição pode ocorrer inclusive em indivíduos com excesso de peso, obesidade e mesmo naqueles que se consideram saudáveis.

Com base nas estimativas de ingestão de nutrientes dos alimentos (excluindo fortificação e suplementação), os autores do artigo estimaram as inadequações de ingestão de 15 micronutrientes em 34 grupos subnacionais de idade-sexo, em 185 países. Os resultados mostraram que mais de 5 bilhões de pessoas não consomem iodo suficiente (68% da população global), vitamina E (67%) e cálcio (66%). Mais de 4 bilhões de indivíduos não consomem ferro suficiente (65%), riboflavina (55%), folato (54%) e vitamina C (53%). “A deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia, levando à cognição prejudicada e a resultados adversos na gravidez. A deficiência de vitamina A é a principal causa de cegueira evitável em todo o mundo, afetando principalmente crianças e mulheres grávidas”, argumentam os autores. Vitamina A e zinco têm um papel crucial na imunidade, especialmente para populações que enfrentam uma alta carga de doenças infecciosas, enquanto o folato é necessário no início da gravidez para reduzir o risco de natimortos e defeitos do tubo neural. Já o iodo é essencial para mulheres grávidas e lactantes devido ao seu papel no desenvolvimento cognitivo fetal e infantil.

A fome clássica é visceral, ou seja, a falta de comida leva à sensação de estômago vazio e é suprida através da ingestão de macronutrientes como carboidratos, proteínas e gorduras. Já a fome oculta diz respeito aos micronutrientes, cuja ingestão inadequada  não leva à sensação de fome – daí o nome adotado. “Os micronutrientes são nutrientes protetores e apresentam algumas características, ou seja, são necessários em pequenas quantida­des, são essenciais (o organismo não produz, devendo ser recebidos por meio da alimentação), atuam no metabolismo e no funcionamento celular, são ligados a compostos orgânicos e se constituem em componentes estruturais e com funções específicas. Portanto, são indispensáveis para o bom funcionamento do organismo”, afirma a doutora em Nutrição Olga Maria Silverio Amancio, professora associada livre docente de Nutro­logia do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), assessora da Agência Nacio­nal de Vigilância Sanitária (ANVISA) na área de Alimentos e secretária geral da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN).

De início, apesar de as alterações fisiológicas serem mínimas, a fome oculta pode ser descrita como uma fase silencio­sa que antecede o surgimento dos sinais clínicos de carência nutricional, mesmo que não esteja associada a quadros clássicos de desnutrição. “Em médio e longo prazos pode causar prejuízos à saúde”, observa a professora Olga Maria Silverio Amancio. Assim, a fome oculta pode comprometer etapas do processo metabólico levando a alterações no sistema imunológico, nas defesas antioxidantes e no desenvolvimento físico e cognitivo. Além disso, a carência de micronutrientes pode ser um fator agravante de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia, obesidade, osteoporose e alguns tipos de câncer, entre outras enfermidades.

Ainda que a fome oculta possa se caracterizar pela falta de um ­micronutrien­te específico, tende a ocorrer de forma combinada a outras carências. “As deficiências de ferro e vitamina A, por exemplo, são muito sérias no público materno-infantil. Além do risco aumentado de causar anemia ferropriva, essa condição pode afetar o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem, o sistema imunológico e a capacidade física e laboral. Na gestação, aumenta os riscos de complicações perinatais tanto para a gestante quanto para o recém-nascido, assim como a mortalidade materna”, descreve a doutora em Ciência e ­Nutrição Manuela Dolinsky, professora associada da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro do Conselho Federal de Nutrição (CFN). Na população adulta, especialmente entre os idosos, a carência em cálcio, ferro, zinco e vitaminas B6, B12 e D é a mais prevalente.

Assintomático

Pela característica assintomática, na grande maioria dos casos o problema só é identificado quando a deficiência evolui para um quadro de doença. “O diagnóstico da fome oculta envolve avaliação física, análise da alimentação e exames laboratoriais para verificar os níveis de vitaminas e minerais no organismo. Uma vez identificada, deve ser tratada com medicamentos associados e reeducação alimentar, que é o padrão ouro para prevenir e reparar a carência de nutrientes”, ensina a professora Olga Maria Silverio Amancio. Entre as recomendações está o consumo variado de alimentos como frutas, vegetais, hortaliças, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis. A redução de alimentos ricos em açúcares e gorduras e, sobretudo, uma educação nutricional contínua com orientações sobre escolhas saudáveis e técnicas de preparo adequadas para preservar nutrientes, também são importantes. A depender do caso, a suplementação deve ser prescrita para adequação dos níveis de vitaminas e/ou minerais deficitários.

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