A dieta inadequada com baixa ou nenhuma ingestão de verduras, frutas e hortaliças – principais fontes de micronutrientes – é o principal agente de risco para a fome oculta. Entretanto, outros fatores também contribuem, entre os quais o alto consumo de alimentos ricos em calorias, açúcares e gorduras, mas pobres em micronutrientes essenciais; e a pouca variedade alimentar em decorrência de dietas monotônicas ou que limitam a ingestão de vitaminas e minerais diversos. “Além disso, pular refeições, especialmente o café da manhã; ter um preparo inadequado dos alimentos como, por exemplo, descartar a água do cozimento de vegetais; e viver com acesso limitado a alimentos nutritivos completam os fatores de risco para a fome oculta”, acentua a professora Manuela Dolinsky.
Mesmo em indivíduos com ingestão alimentar adequada, determinadas condições médicas podem interferir na absorção de micronutrientes levando a deficiências nutricionais. Dentre os exemplos estão doença celíaca, síndrome do intestino irritável e doença de Crohn, que reduzem a capacidade de absorção. A obesidade e as disfunções hormonais acarretam desequilíbrios metabólicos, enquanto as cirurgias bariátricas alteram a absorção de ferro, cálcio e vitamina B12, entre outros. O uso crônico de certos medicamentos – como antiácidos, metformina e corticosteroides – também interfere diretamente na digestão ou absorção de nutrientes. As doenças renais crônicas, que levam a alterações de concentrações séricas de vitamina D, deficiência de cálcio, hipertensão, acúmulo de fósforo e potássio no organismo, também são fatores de risco para a baixa absorção de nutrientes essenciais.