As evidências mostram que há diferenças relacionadas à assistência médica em populações com baixos níveis educacionais e socioeconômicos, que são comumente encontradas na América Latina e no Caribe. Além disso, muitas vezes há diagnósticos incorretos e atrasos nos encaminhamentos para especialistas em demência. A região sofre, ainda, porque alguns grupos minoritários raciais e étnicos têm menos probabilidade de receber tratamento e mais probabilidade de interromper a medicação. O trabalho da Americas Health Foundation também mostra que os custos diretos e indiretos relacionados ao tratamento da doença de Alzheimer são geralmente cobertos pelas famílias do paciente com variações entre e dentro dos países, e depende do seguro saúde e do nível socioeconômico.
A neurologista Sonia Brucki acrescenta que, no Brasil, a população tem acesso à medicação gratuitamente por meio do SUS – até mesmo quem passou por atendimento particular. Essa realidade, muitas vezes, não é encontrada em outros países. “Não podemos falar em cura ainda, apenas em tratamento dos sintomas e, mais recentemente, visando algum alentecimento em indivíduos com doença muito leve. Apesar disso, temos um grande aumento do conhecimento da doença para diagnóstico precoce e medicações, principalmente retirando o beta-amiloide, uma das proteínas que está relacionada com a doença de Alzheimer”, reforça.
De acordo com a AHF, tratamentos modificadores da doença de Alzheimer estão sendo estudados atualmente e mais de 800 medicamentos foram avaliados em ensaios clínicos nos últimos anos, com resultados negativos. Essa falha se deve principalmente ao fato de terem sido testados no estágio de demência, em que o cérebro sofreu danos substanciais e pode ser tarde demais para obter resultados positivos. Recentemente, a estratégia começou a mudar, buscando prevenir ou progredir clinicamente em vez de curar a doença. Por isso, a América Latina e o Caribe devem se preparar para a iminente mudança de paradigma para o gerenciamento da enfermidade e para o tratamento reativo visando a prevenção e a modificação da progressão da doença de Alzheimer. •