O Transtorno Opositor-Desafiador (TOD) é um transtorno do comportamento infantil ou adolescente que se caracteriza por um padrão persistente de comportamento opositor, desafiador, hostil e irritável em relação a figuras de autoridade ou a regras sociais. Esse comportamento desencadeia reações exageradas de frustração e irritabilidade e levam o indivíduo a prejuízos nas relações com os pais, educadores ou pares.
O TOD pode incluir, ainda, a recusa em cumprir regras, argumentação constante, resistência a ordens e, em alguns casos, atos reativos ou provocação deliberada. De acordo com a psicopedagoga e educadora parental Andreia Rossi, a condição manifesta-se majoritariamente durante o curso do desenvolvimento infantil. Dessa forma, frequentemente engloba comportamentos que, em certa medida, podem ser considerados como parte do desenvolvimento comportamental típico da infância.
“Embora seja verdade que alguns níveis de desafio e oposição são considerados normais no desenvolvimento infantil, o TOD se distingue pela persistência e intensidade desses comportamentos”, acentua. Além disso, essa condição envolve um impacto negativo substancial que a criança ou o adolescente podem ter nas relações interpessoais, no desempenho acadêmico e no funcionamento social. Como resultado, classificar uma criança simplesmente como ‘mal educada’ pode ser um equívoco, pois desconsidera os prejuízos associados a esse comportamento inapropriado.
Sintomas
Esse padrão persistente de comportamento opositor do transtorno se manifesta através da recusa em cumprir regras e ordens, discussões frequentes, resistência a solicitações, comportamento intolerante e provocação deliberada a outras pessoas. “Crianças com TOD costumam apresentar humor irritável constante e têm dificuldade em manter relacionamentos saudáveis”, indica a educadora. Geralmente, também têm desempenho acadêmico abaixo do esperado devido aos conflitos e dificuldades interpessoais, assim como pela dificuldade em se manterem em sala de aula.
“Esses sintomas tendem a ser persistentes e causam prejuízos significativos em várias áreas da vida da criança ou adolescente”, alerta a especialista. Embora as razões do desenvolvimento deste transtorno ainda sejam um mistério, alguns estudos sugerem que tanto fatores genéticos como situações relacionadas ao funcionamento do cérebro podem ter um papel importante. Além disso, um ambiente tumultuado, desorganizado, inseguro, ameaçador e incerto, especialmente quando se trata da educação oferecida pelos pais, também pode ter influência na manifestação do TOD.
Diagnóstico e tratamento
A psicopedagoga Andreia Rossi afirma que tanto o diagnóstico quanto o tratamento envolvem uma abordagem multidisciplinar com psiquiatras, neuropediatras, neuropsicólogos, psicólogos clínicos e terapeutas. “Essa abordagem é essencial para fornecer uma avaliação completa e um plano de tratamento abrangente para crianças e adolescentes com TOD”, ensina. Dessa forma, cada um desses profissionais contribuirá com uma experiência única para ajudar a criança a superar os desafios associados a esse transtorno e a desenvolver habilidades que promovam um funcionamento saudável e bem-sucedido ao longo do tempo.
De acordo com a especialista, o TOD é uma condição psicopatológica que tem recebido relativamente pouca atenção devido à sua natureza predominantemente comportamental. No entanto, negligenciar ou subestimar a importância do TOD pode ter consequências significativas. “Famílias que recebem o diagnóstico de TOD tendem a revisitar sua maneira de educar os filhos, com crenças limitantes que devem se tornar mais rígidas, e oferecem pouco espaço para que a criança se expresse de forma segura. Em geral, isso acaba agravando o quadro e potencializando os comportamentos desafiadores”, orienta.
Consequentemente, essa maneira de interagir em família desencadeia uma sequência de sofrimentos e afastamento entre os membros da família, aumentando o senso de inapropriação da criança e levando a um sofrimento ainda maior. Portanto, em paralelo com o acompanhamento multidisciplinar, a especialista sugere o apoio de um educador parental para contribuir com mudanças significativas no ambiente familiar, organizando a dinâmica das rotinas e maneiras de se comunicarem e promovendo um ambiente mais saudável. “O objetivo deve ser a redução de danos e o acolhimento da criança. Certamente, isso será um grande divisor de águas no sucesso e na evolução satisfatória do indivíduo afetado”, acentua.