A Neuromielite Óptica (NMO) é uma doença rara, autoimune e inflamatória que afeta o sistema nervoso central (SNC), comprometendo predominantemente os nervos ópticos e a medula espinhal. Caracterizada por episódios recorrentes de inflamação, a condição pode levar a danos permanentes nos tecidos nervosos, deixando sequelas como cegueira e paralisia. Em estágios iniciais, a doença geralmente apresenta sinais inespecíficos que podem passar despercebidos, a exemplo de dor crônica e fadiga. Apesar de não ter cura, o tratamento pode evitar novos surtos e prevenir danos irreversíveis, proporcionando mais qualidade de vida ao paciente.
Estimativas clínicas apontam que a NMO acomete cerca de 10 mil brasileiros. Com causa ainda desconhecida, essa doença rara, autoimune e inflamatória pode surgir após uma infecção ou associada a outra doença autoimune. De acordo com o médico neurologista Felipe Von Glehn, professor adjunto de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UNB), essa condição faz com que o organismo produza um anticorpo chamado anti-aquaporina 4, que ataca a proteína responsável por transportar água no sistema nervoso. “Com isso, ocorre uma destruição de células e fibras nervosas na medula espinhal e no nervo óptico”, explica o docente, que também é supervisor do Programa de Residência Médica em Neurologia do Hospital Universitário da UnB.
Os principais sintomas incluem inflamação do nervo óptico, conhecida como neurite óptica, que ocasiona dor ao redor ou atrás dos olhos e danos à visão que, em casos graves, pode levar à cegueira. Já na medula espinhal, a doença pode ocasionar um quadro de mielite, ou seja, uma inflamação que causa dormência, formigamento, membros fracos e pesados, podendo evoluir para perda de movimentos e de sensibilidade. “Outros sintomas menos frequentes, mas que merecem atenção, são espasmos tônicos dolorosos, especialmente no peito e abdômen; diplopia (visão dobrada), dificuldade para urinar e evacuar, alterações no sono, vertigens e tonturas, vômitos e soluços que duram mais de 48h e não possuem causa gástrica.
Sintomas invisíveis
Apesar de a dor crônica e a fadiga serem consideradas sintomas invisíveis nessa condição, o impacto dessas condições na qualidade de vida é facilmente percebido. De acordo com o especialista, cerca de 40% dos pacientes com NMO podem apresentar quadro depressivo resultante da dor intensa. Além disso, 60% relatam impacto negativo no trabalho, nas atividades físicas e na capacidade de realizar tarefas em geral. “Cada episódio grave ou agudo da doença pode gerar danos irreversíveis. Portanto, é de suma importância conscientizar a sociedade, a classe médica e os profissionais da saúde sobre os sintomas, principalmente os invisíveis, para que os pacientes sejam diagnosticados e recebam o cuidado adequado precocemente”, complementa o neurologista.
O diagnóstico da NMO é realizado com base no histórico do paciente, avaliação clínica e de resultados de exames complementares. Dentre os exames estão, por exemplo, ressonância magnética, análise do líquido cefalorraquidiano e pesquisa de anticorpos específicos para detecção da proteína aquaporina (AQP4). O tratamento dos surtos de neuromielite óptica é realizado com o uso de corticoides, podendo ser incluídos outros fármacos de acordo com cada caso e prescrição do médico responsável. O especialista conclui que é imprescindível um tratamento multidisciplinar com neuroftalmologistas, fisiatras, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, entre outros.
Atenção aos sinais!
- Espasmos tônicos dolorosos, especialmente no peito e abdômen
- Diplopia (visão dobrada)
- Dificuldade para urinar e evacuar
- Alterações no sono
- Vertigens e tonturas
- Vômitos
Soluços que duram mais de 48h e não possuem causa gástrica.
