Herpes ocular é uma necrose na retina

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Herpes ocular é uma condição rara

Escrito por: Elessandra Asevedo

O vírus do herpes simples (Herpes Simplex Virus, HSV) afeta locais como lábios e região genital, mas também pode se desenvolver em outras partes ainda mais sensíveis do corpo, como os olhos. Neste caso, pode desencadear necrose aguda da retina. Esse processo infeccioso ou inflamatório causa a morte do tecido retiniano – parte do olho que transforma luz em estímulo nervoso e o envia ao cérebro – levando à cegueira.

De maneira geral, a identificação da doença é feita por meio de exame clínico oftalmológico. Excepcionalmente, são necessários exames complementares para confirmar o diagnóstico. Os primeiros sintomas da herpes podem aparecer na forma de vesículas na pele – pequenas bolhinhas com líquido em seu interior –, causando muita coceira local. No olho, as vesículas podem acometer as pálpebras e, por contiguidade, a córnea.

De acordo com a médica oftalmologista Denise Freitas, especialista em córnea do Hospital de Olhos e professora da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp-EPM), a infecção ativa na córnea causa a perda da transparência. “Algumas vezes é necessário realizar um transplante de córnea, uma vez que a infecção de herpes causa a necrose aguda na retina, com consequente perda da visão”, comenta.

Tratamento

A doença herpética é tratável, embora não seja curável. Assim sendo, o vírus ficará para sempre no organismo e, como resultado, poderá causar infecção inclusive recorrente em alguns indivíduos. Quando há a contaminação pelo herpes na córnea, com perda da transparência, ou na retina, o tratamento deve ser agressivo e iniciado o mais rápido possível. “Quanto mais tempo o vírus ficar no tecido retiniano, maior será a perda da visão”, alerta a médica.

No caso de contaminação na córnea, o tratamento inicialmente pode ser com medicamento antiviral tópico, aplicado diretamente no olho na forma de colírios ou pomadas. Já nos casos mais graves e agressivos, o tratamento deve ocorrer com antiviral oral. Porém, se houver acometimento da retina, a intervenção deve ser sempre sistêmica e com medicação oral ou endovenosa, até mesmo com necessidade de internação do paciente a depender da gravidade do caso.

Oportunismo

Em geral, o vírus da herpes simples é adquirido na infância. Dessa forma, poderá estar presente no organismo sem que a pessoa saiba quando foi contaminada. “O vírus pode não se manifestar clinicamente na infância, todavia ficará latente no corpo por longo período”, explica a médica. Ao longo desse tempo, o vírus latente poderá iniciar sua multiplicação por motivos variados, que incluem alteração da resposta imunológica, causando então a doença.

De acordo com a médica, o vírus da herpes simples é oportunista e a contaminação independe de onde está localizado. Entretanto, como os olhos estão na região do rosto, o herpes facial/labial acaba sendo o mais frequentemente relacionado ao contágio. Além disso, embora ninguém esteja imune ao vírus, algumas pessoas estão mais predispostas à doença, como os pacientes alérgicos, principalmente os mais severos, e os imunodeprimidos.

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