Multiplicação descontrolada de células anormais

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Câncer-juvenil tem cerca de 8 mil novos casos por ano

Escrito por: Fernanda Ortiz

O câncer infanto-juvenil corresponde a um grupo de doenças que têm em comum a multiplicação descontrolada de células anormais que podem se manifestar em qualquer local do organismo. Diferentemente do câncer do adulto, é predominantemente de natureza embrionária e, geralmente, afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Incidente, estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que, a cada ano no triênio 2023-2025, 7.930 novos casos da doença devem ser diagnosticados em crianças e jovens. Com sintomas que podem se desenvolver rapidamente, estar atento a alterações físicas e comportamentais é fundamental para o diagnóstico precoce.

As causas do câncer pediátrico, que levam à multiplicação descontrolada de células anormais, ainda são desconhecidas. De acordo com o médico oncologista pediátrico Neviçolino Pereira, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), apenas uma pequena parcela dos casos – em torno de 10% a 15% – estão relacionados a síndromes de predisposição genética ou hereditárias. Além disso, diferentemente dos adultos, o câncer infantil não tem relação com fatores ambientais e de estilo de vida. Entre os tipos recorrentes nessa faixa etária, as leucemias – câncer das células sanguíneas da medula óssea, em sua maioria os glóbulos brancos – são as mais prevalentes.

O reconhecimento do câncer infanto-juvenil é desafiador. Isso ocorre porque os sinais podem se confundir com os de outras doenças típicas da infância. Dentre os exemplos estão febre persistente e sem causa aparente, dor progressiva, mancar ao caminhar, quedas frequentes, perda de peso, alteração na visão, palidez repentina ou o surgimento de nódulos. “Portanto, realizar acompanhamento regular no pediatra e estar atento à presença desses indicadores é fundamental para o diagnóstico”, avalia. O médico ressalta que, quando ocorre precocemente, o diagnóstico aumenta as chances de desfechos positivos.

Além do tratamento 

Apesar dos avanços nos tratamentos, quando a doença afeta uma criança o impacto é muito intenso para toda a família. Essa nova condição inclui rotina de cuidados, terapias e seus efeitos colaterais, assim como os anseios e as incertezas em torno da doença. Portanto, o oncologista pediátrico destaca que, na medida do possível, é preciso aliviar essa tensão e permitir que os pacientes vivenciem boas experiências. “Quando surgem janelas de oportunidade, é necessário que os pacientes brinquem, realizem atividades habituais e se relacionem com outras pessoas, de acordo com cuidados e orientações do médico responsável”, orienta.

Em relação à frequência escolar, o presidente da SOBOPE comenta que a participação presencial nas aulas dependerá da fase de tratamento, do estado de saúde e da decisão do oncologista. “Há etapas do tratamento em que há maior risco de infecções devido à queda das células de defesa, causada pela quimioterapia e radioterapia”, explica. Nestes períodos, o estudante pode compensar a ausência às aulas e manter o processo de aprendizado por meio de atividades realizadas no próprio ambiente hospitalar ou em sua casa. Este, inclusive, é um direito descrito em legislação federal que garante tratamento excepcional aos alunos de qualquer nível de ensino, portadores de incompatíveis com a frequência à escola.

Atividades físicas 

Considerada de fundamental importância, a prática de atividades esportivas também deve ser avaliada caso a caso. De acordo com o especialista, a terapia contra o câncer pode provocar anemia e diminuição das plaquetas e, nesse contexto, tais atividades não são recomendadas. A mesma restrição vale para frequentar praias ou piscinas. “Em geral, a maioria dos pacientes tem cateteres centrais e a pele muito sensível estando, em muitos momentos do tratamento, vulneráveis à infecção. Portanto, a liberação para tais atividades depende exclusivamente da avaliação clínica do médico responsável”, conclui.

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