Câncer de esôfago

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Câncer de esôfago é mais frequente entre homens

Escrito por: Fernanda Ortiz

O câncer de esôfago é uma lesão maligna que geralmente começa nas células que revestem o interior do órgão, que integra o sistema gastrointestinal. Ao acometer mais homens do que mulheres, a doença surge com maior frequência na faixa etária acima dos 50 anos. Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que aproximadamente 11 mil novos casos desse tipo de neoplasia devem ser diagnosticados no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025. Esse mesmo relatório informa que, sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de esôfago ocupa a 13a posição entre os tipos mais frequentes na população brasileira.

Assintomático no estágio inicial, à medida que o câncer de esôfago evolui surgem sintomas como disfagia (dificuldade de deglutição), rouquidão, dor epigástrica, queimação, perda de peso e dor no peito . Por serem inespecíficos, ou seja, comuns a outras condições clínicas, não é incomum o diagnóstico tardio. De acordo com a médica oncologista Bruna Carone, do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOS), em São Paulo, alguns fatores são apontados como agravantes para o aparecimento do tumor. O consumo excessivo de álcool e tabagismo são os fatores de risco mais associados à neoplasia. “Entretanto, outras condições a exemplo da obesidade e exposição a substâncias tóxicas ou radiação também podem influenciar o desenvolvimento da doença”, afirma.

Diagnóstico e estadiamento

O exame mais importante para diagnóstico dos tumores de esôfago é a endoscopia digestiva alta, que permite enxergar o órgão por dentro. Se houver lesões suspeitas, o médico já consegue retirar amostras de tecido para exame anatomopatológico. Confirmado o diagnóstico, o responsável pode solicitar outros exames, como a tomografia computadorizada, PET-TC, broncoscopia, ultrassonografia ou ecoendoscopia. “Esses exames ajudam a determinar o estadiamento do tumor maligno”, explica a oncologista. Ou seja, se as células cancerosas estão confinadas na camada superficial que reveste o esôfago, mais profundas, no sistema linfático, em órgãos vizinhos ou se existe metástase em órgãos mais distantes.

Classificado de acordo com as células que sofreram mutações e se multiplicaram desordenadamente, existem dois principais tipos de câncer no esôfago, ambos com alta taxa de agressividade. O carcinoma de células escamosas, associado ao tabagismo e ao consumo de álcool, é o tipo mais frequente da doença, responsável por 96% dos casos diagnosticados. “Já o adenocarcinoma, apesar de mais raro, está relacionado à obesidade, doença do refluxo gastroesofágico e ao esôfago de Barret (metaplasia do esôfago causada pelo refluxo)”, descreve.

Tratamento e prevenção 

O médico oncologista orienta o tratamento de acordo com a localização do tumor, estágio da doença e condições clínicas do paciente. “O plano terapêutico pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia, de forma isolada ou combinada”, explica a médica. Por ser um tipo de câncer agressivo, na maioria dos casos é indicada a remoção do órgão – com margem de segurança e retirada dos gânglios linfáticos ao redor do esôfago e do estômago. Realizado por laparoscopia ou por cirurgia robótica, o procedimento é preciso e garante alta hospitalar e recuperação mais rápidas. A cirurgia pode ser associada à quimioterapia ou radioterapia, antes ou após o procedimento, principalmente quando o tumor for grande e houver risco de propagação.  A melhor forma de prevenir o câncer de esôfago é manter bons hábitos de vida.

Recomendações 

  • Evitar o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas
  • Manter o peso corporal adequado
  • Adotar uma dieta balanceada, rica em nutrientes e vitaminas
  • Identificar e tratar doenças, entre elas a doença do refluxo gastroesofágico
  • Consumir bebidas quentes, como cafés, chás e chimarrão, em temperatura inferior a 60°C, pois, acima disso, pode danificar o revestimento do esôfago e aumentar o risco de desenvolver a neoplasia
  • Manter proteção contra exposições ambientais para minimizar o contato com substâncias cancerígenas
  • Usar preservativo e fazer tomar a vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV), que também tem associação com a doença

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