HP pode levar a várias complicações

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Hipertensão pulmonar acomete mais de 100 mil pessoas

Escrito por: Fernanda Ortiz

Descrita como uma doença rara, crônica e progressiva, a hipertensão pulmonar (HP) é responsável por aumentar a pressão nas artérias pulmonares, dificultando o bombeamento de sangue dos ventrículos direitos do coração para os pulmões. A HP pode levar a várias complicações. Subnotificada, principalmente por ser confundida com outras enfermidades, estima-se que cerca de 100 mil pessoas vivam com a doença no Brasil.

De acordo com as estatísticas, a hipertensão pulmonar atinge principalmente mulheres entre 20 e 40 anos de idade. A falta de ar durante atividades cotidianas é o principal sintoma da doença. Além disso, os pacientes relatam episódios de fadiga, cansaço, tontura, pulso acelerado, desmaio e dor no peito – em menor ou maior intensidade. A HP é classificada em cinco grupos de doenças, sendo a hipertensão arterial pulmonar (HAP) a mais comum.

A cardiologista pediátrica Flavia Navarro, coordenadora do Ambulatório de Hipertensão Pulmonar da Santa Casa de São Paulo, afirma que apesar de não ter uma causa específica, alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento do problema. “Esses fatores incluem hereditariedade, indução por drogas/toxinas ou associação com outras condições, a exemplo de doenças do tecido conjuntivo (entre elas, o lúpus), doença cardíaca congênita ou doenças respiratórias”, enumera.

Desafiador 

Como os sintomas podem ser confundidos com outras doenças, o diagnóstico pode ser desafiador e demanda extensa avaliação clínica, laboratorial e radiológica. Entre os exames, o médico pode solicitar teste de função pulmonar, radiografia torácica para verificação da expansão das artérias pulmonares, ecocardiograma, eletrocardiograma, tomografia computadorizada, análises laboratoriais e angiografia. “O diagnóstico definitivo de hipertensão pulmonar geralmente é confirmado pelo cateterismo do lado direito do coração, para medir a pressão sanguínea no ventrículo direito e na artéria pulmonar”, explica a cardiologista.

Tratamento

Como a HP pode levar a várias complicações, o tratamento medicamentoso ou cirúrgico é fundamental para o melhor prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes. Assim, quanto antes for iniciado – sempre baseado no tipo de HP e na estratificação de risco –, melhor será o prognóstico. Por se tratar de uma doença progressiva e complexa, o acompanhamento deve ser feito em serviços especializados e centros de referência no Sistema Único de Saúde (SUS).

Recentemente, o Ministério da Saúde atualizou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) que regulamenta o tratamento dos pacientes com hipertensão pulmonar, indicando toda a conduta de diagnóstico, tratamento e acompanhamento. “Entre as diretrizes, o documento descreve medidas gerais ou tratamento de suporte para todos os grupos. Além disso, orienta sobre tratamento medicamentoso específico quando houver indicação e indicativo cirúrgico, com transplante de pulmão, para os casos de resposta terapêutica inadequada”, relata a cardiologista.

De acordo com a médica, o novo PCDT é um marco importante no manejo da HAP, pois amplia o acesso à terapia combinada, dupla e tripla no SUS, com abrangência para todo território brasileiro. Atualmente, as terapias disponíveis são medicamentos orais e inalatórios que visam dilatar os vasos sanguíneos nos pulmões, melhorar a circulação sanguínea no órgão e reduzir a pressão no coração. Entre os exemplos estão a oxigenoterapia e o uso de medicamentos anticoagulantes e/ou diuréticos, de acordo com cada caso.

“As evidências científicas indicam que a terapia combinada entre medicamentos de diferentes vias fisiopatológicas é a forma mais adequada de manejar a HP, pois possibilita uma melhor qualidade de vida”, acentua. Além disso, a atualização do PCDT garante a incorporação no SUS de um novo medicamento indicado para o tratamento de longo prazo da doença, que pode ser utilizado em terapia combinada ou em monoterapia. O medicamento é indicado para pacientes que não se adequem à terapia tripla.

Outros cuidados

A fim de garantir a eficácia dos tratamentos, o PCDT também orienta medidas não farmacológicas como restrição de sal na dieta, realização de atividades físicas com acompanhamento especializado e oxigenoterapia. Além disso, orienta que a gravidez seja evitada por mulheres com HAP, pois a doença aumenta o risco de morte no período gestacional.

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