Vírus HPV é principal responsável

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HPV é principal fator para câncer de colo de útero

Escrito por: Fernanda Ortiz

O câncer do colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento e, muitas vezes, assintomático na fase inicial. Apesar de prevenível, possui altas taxas de incidência e de mortalidade, sendo o terceiro tipo de neoplasia mais frequente na população feminina brasileira.  De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa é de cerca de 17 mil novos casos para cada ano do triênio 2023-2025 no País, o equivalente a 13,25 casos a cada 100 mil mulheres. Especialistas apontam como fatores de risco o sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool, ingestão de alimentos ultraprocessados e obesidade. Entretanto, o papilomavírus humano (HPV) é o principal responsável pelo desenvolvimento da doença em 90% dos casos diagnosticados.

Sexualmente transmissível, o papilomavírus humano causa a infecção viral mais comum do trato reprodutivo. Atualmente, existem mais de 200 tipos diferentes deste vírus – 14 deles cancerígenos. “O vírus infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal) tanto de homens quanto de mulheres, podendo contribuir para o desenvolvimento do câncer”, descreve o ginecologista e obstetra Alexandre Rossi, responsável pelo Ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

O diagnóstico da infecção por HPV é clínico, sendo classificado de acordo com a forma da lesão. A manifestação clínica se apresenta através de verrugas únicas ou múltiplas de tamanhos variados na região genital e no ânus. Na subclínica (não visíveis ao olho nu), causada por tipos de HPV de baixo e de alto risco para desenvolvimento de câncer, as lesões podem ser encontradas nos mesmos locais sem apresentar sinais.

Como os sintomas podem ser comuns a outras doenças, é importante solicitar exames laboratoriais e de imagem, como Papanicolau, colposcopia e, se necessário, biópsia (mulheres) e exames urológicos para os homens. “Quanto antes for diagnosticado, maiores serão as chances de combater o vírus e evitar o estabelecimento de doenças”, observa o médico.

Vacinação 

A vacina contra o HPV é considerada a medida mais eficaz de prevenção. No Brasil, o imunizante está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e meninos com idade entre 9 e 14 anos, pessoas que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea, ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos. “Embora a eficácia das vacinas seja maior se administradas antes da exposição ao HPV, indivíduos fora destes grupos também podem se vacinar em postos particulares”, orienta o médico.

Entretanto, é importante ressaltar que a vacina não previne infecções causadas por todos os tipos de HPV. Portanto, é necessário que a mulher, mesmo vacinada, continue fazendo os exames preventivos na faixa de idade recomendada para rastreamento e tratamento precoce de lesões (quando houver). Além da vacinação, o uso do preservativo masculino ou feminino nas relações sexuais é fundamental para prevenção do HPV.

Contudo, seu uso não impede totalmente a infecção já que, frequentemente, as lesões estão presentes em áreas não protegidas pela camisinha, a exemplo de vulva, região pubiana, perineal ou bolsa escrotal. Todavia, o preservativo feminino, que cobre também a vulva, evita mais eficazmente o contágio se for utilizado desde o início da relação sexual. De acordo com estimativas, cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas são contaminadas com o vírus HPV em algum momento da vida. Entretanto, na maioria das vezes não haverá sintomas ou evolução para quadros clínicos.

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