O leite é um alimento versátil, que pode ser consumido puro, com mel, café ou chocolate. Considerado um dos alimentos mais nobres que existem, o leite é rico em proteínas, gordura, sais minerais, carboidratos e vitaminas, é a principal fonte de cálcio.
O consumo do leite animal por humanos se tornou um hábito há cerca de 10 mil anos. Isso ocorreu quando os animais foram domesticados e os adultos foram ficando cada vez mais capazes de digerir a lactose. De acordo com a nutricionista Ligia Vieira Carlos, do Vera Cruz Hospital, cada nutriente do leite de vaca tem um papel importante para o organismo humano.
“As proteínas favorecem o alimento na caracterização de grau máximo de qualidade proteica, sendo comparável à albumina, que contribui para a construção de fibras musculares”, explica. Isso ocorre por causa do perfil de aminoácidos essenciais, digestibilidade e biodisponibilidade das proteínas, que são rapidamente absorvidas pelo organismo.
Além de ser a principal fonte de cálcio para o ser humano, o leite se configura de forma essencial para o sistema nervoso central. Em cada fase da vida, o alimento contribui de alguma forma para a saúde. Na infância, garante benefícios para o crescimento, a saúde dental, a hidratação, o desempenho cognitivo e o controle do apetite.
Na fase adulta, além de oferecer nutrientes, o leite pode auxiliar no controle da pressão arterial e na redução do risco de problemas cardiovasculares. Além disso, possui ação antiobesidade e antidiabética. Com a chegada da velhice, o alimento ajuda na prevenção de quadros de sarcopenia e diminui o risco de osteopenia e osteoporose. Ou seja, o leite é recomendado para todas as fases da vida.
Exceções
Com exceção de condições muito específicas, todos podem consumir o leite de vaca. A bebida é recomendada por guias alimentares nacionais e internacionais e pode ajudar no aporte de nutrientes, como o cálcio. Em resumo, o leite é um alimento saudável e adequado. “Vale ressaltar a importância de orientações dietéticas personalizadas, considerando as necessidades nutricionais individuais e as condições de saúde de cada indivíduo”, adiciona a nutricionista.
Intolerância à lactose
A lactose é o açúcar de quase todos os leites. Quando ingerida, a substância é quebrada em dois açúcares menores – galactose e glicose. Esses açúcares são absorvidos no intestino delgado, alcançam a corrente sanguínea e, então, são utilizados como fonte de energia pelas células. A lactase é a enzima que faz esta quebra e, quando há deficiência parcial ou total, a lactose não é digerida, alcançando o intestino grosso.
Desse modo, as bactérias do cólon metabolizam a lactose absorvida em gases que são responsáveis pelos sinais e sintomas da intolerância. De acordo com a especialista, o consumo de leite de vaca não causa intolerância à lactose. Na realidade, existe uma relação inversa: quanto maior o consumo de leite, menor o risco do desenvolvimento de intolerância.
Sintomas
Tanto a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) quanto a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) chamam a atenção para a importância do diagnóstico clínico, uma vez que os sintomas da má digestão de outros carboidratos podem ser erroneamente confundidos com este quadro. “Além disso, mesmo para pacientes diagnosticados, geralmente 12 gramas de lactose são tolerados sem sintomas. Por fim, opções como a enzima lactase oral ou leites sem lactose podem ser oferecidos no caso da incapacidade de digerir este açúcar”, pontua Ligia Vieira Carlos.
Os sintomas da intolerância variam conforme diversos fatores, tais como quantidade de lactose ingerida, trânsito intestinal e idade do paciente, podendo ser mais ou menos intensos. Geralmente, os sintomas aparecem entre 30 minutos a duas horas após a ingestão de laticínios.
Os mais comuns são inchaço abdominal, cólicas, gases, flatulência, diarreia, assaduras, náuseas, vômitos, câimbras e, algumas vezes, constipação intestinal. Segundo o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023 a produção no País foi de 35,4 bilhões de litros e o consumo do brasileiro está em aproximadamente 116,7 litros por habitante.
