Uma alimentação saudável desempenha papel fundamental durante o tratamento do câncer infantil, ajudando as crianças no processo de cura e fortalecimento. Segundo o Comitê de Nutrição da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), o processo nutricional do paciente oncológico é acompanhado desde o diagnóstico e segue mesmo após a conclusão do tratamento. Em todas as fases, a nutrição não deve ser negligenciada, já que a ingestão alimentar inadequada pode levar à desnutrição ou ao aumento das toxicidades decorrentes do processo terapêutico.
“Na fase do diagnóstico é fundamental conhecer o estado nutricional da criança, evolução de peso, hábitos alimentares e qual tratamento será realizado, ou seja, temos de reunir todas as informações necessárias para o ponto inicial do acompanhamento”, comenta a nutricionista Juliana Nabarrete, membro do Comitê de Nutrição da Sobope, professora visitante na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein.
Durante o tratamento, a relação com a comida muda muito, influenciada principalmente pela toxicidade das medicações. Pacientes frequentemente relatam alterações no paladar, incluindo alimentos e bebidas com sabor amargo ou metálico e falta de interesse por certos alimentos – inclusive daqueles que, até então, eram seus favoritos. Através de consultas periódicas com nutricionista e estratégias individualizadas é possível substituir alimentos, indicar novas formas de preparo, incluir suplementos e/ou uso de dieta via enteral para auxiliar na ingestão alimentar adequada.
Alimentos como frutas, vegetais, proteínas magras, grãos integrais e laticínios distribuídos em pequenas refeições – para evitar náuseas e perda de apetite –, assim como a hidratação, são aliados valiosos durante toda a jornada terapêutica. A especialista destaca que, mesmo após o final do tratamento, a avaliação direcionada à família deve ser continuada. “Para isso, é preciso garantir o consumo de frutas entre outros alimentos que ofereçam o aporte necessário de nutrientes e vitaminas. Também deve-se reduzir a ingestão de produtos ultraprocessados, açucarados e com alto teor de gordura”, conclui.
