Pancadas na região bucal em crianças

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Traumas na região bucal em crianças

Escrito por: Elessandra Asevedo

Traumas ou pancadas na região bucal de crianças precisam de investigação para avaliar qualquer gravidade. Isso porque, esses traumas podem causar danos estéticos e funcionais que, se não forem tratados de forma imediata e correta, podem levar a complicações no desenvolvimento facial e a necessidade de intervenções cirúrgicas mais complexas no futuro.

De acordo com o cirurgião-dentista e traumatologista bucomaxilofacial Ygor Telles Zuqui da Costa, do Vera Cruz Hospital, algumas sequelas podem gerar dificuldade respiratória. Dentre essas dificuldades estão abrir e fechar a boca, mastigar e deglutir, além de alterações de desenvolvimento facial e até mesmo danos neurológicos e visuais.

“Entretanto, a maioria das complicações decorrentes do traumatismo facial, quando diagnosticadas e tratadas de forma precoce, tende a apresentar um prognóstico extremamente favorável”, pontua o médico. Mas, por via de regra, o principal é procurar atendimento especializado – geralmente um pronto-socorro – para que o paciente seja avaliado o mais precocemente possível e, no máximo, ficar com uma pequena cicatriz de infância.

Cuidados necessários

Em casos de traumatismo facial grave com hematoma, dor ou sangramento, mesmo que seja de média intensidade, é importante levar a criança prontamente a um hospital. “Dessa forma, um especialista em cirurgia e traumatologia vai avaliar o quadro e definir qual será a conduta mais adequada”, orienta o cirurgião-dentista.

Até a chegada à unidade de saúde, entretanto, é necessário adotar algumas medidas imediatas para amenizar as possíveis complicações decorrentes do traumatismo facial. “É importante limpar suavemente o local ferido com água corrente e fazer a compressão com uma toalha ou outro tecido limpo. Isso ajudará a conter o sangramento e amenizará os efeitos do trauma”, ensina o especialista.

Em seguida, até a chegada ao pronto atendimento, a orientação é manter uma compressa fria ou gelada no local. Isso pode ser feito com pedras de gelo envoltas em uma toalha ou com bolsa de gelo. Essa atitude vai ajudar a diminuir o inchaço e possíveis hematomas. “Em caso de avulsão dental, ou seja, se o dente inteiro ou parte dele cair, deve ser colocado em um recipiente limpo com leite e levado junto ao atendimento emergencial”, ensina o dentista. Se não for possível transportar em leite, pode ser em soro fisiológico. O tempo de conservação de até seis horas, suficiente para realização do reimplante.

“É importante lembrar que não se deve lavar o dente perdido nem armazenar em água, pois isso diminui as chances de sucesso em um possível reimplante dental”, avisa o cirurgião-dentista. No local de atendimento, o cirurgião bucomaxilofacial ou o cirurgião-dentista avaliará a possibilidade de o dente ser reimplantado ou, em casos de fragmentos, ser restaurado. Outro ponto de atenção são as situações em que o dente entorta, seja para dentro ou para fora. Nestes casos, a orientação é não mexer para não causar um dano maior e procurar imediatamente um especialista.

Traumas comuns

De modo geral, os atendimentos mais corriqueiros de traumatismo facial têm relação com queda da própria altura, tanto na infância quanto na adolescência. No entanto, o que varia é a intensidade e as situações em que ocorrem. “Em bebês de até três anos, são quedas ou colisões com móveis e objetos espalhados nos ambientes. Nesta fase, os bebês estão aprendendo a andar e é comum a perda de equilíbrio e a diminuição da percepção de espaço levando a traumas faciais, principalmente escoriações e edemas”, explica o cirurgião-dentista.

Em crianças com idade entre quatro e oito anos, a causa mais comum está relacionada a lutas e brincadeiras com as mãos que levam à queda. Nestes casos, os traumas podem evoluir para cortes, escoriações mais importantes e até mesmo fraturas. Em geral, essas situações ocorrem principalmente em parques, escolas ou nos momentos de lazer, sendo mais comuns nos finais de semana ou durante atividades externas.

Dos nove aos 12 anos, as atividades mais intensas tendem a gerar traumatismos mais importantes. Relacionados a práticas como andar de bicicleta, patins, skate e subir e descer de brinquedos mais altos, esses traumas podem levar a fraturas faciais, cortes, escoriações e hematomas.

Os adolescentes tendem a ser mais conscientes dos riscos. Nesta fase, são mais comuns os traumatismos faciais em meninos do que em meninas devido à tendência a atividades mais intensas, principalmente práticas desportivas de contato e esportes radicais que costumam causar fraturas faciais, edemas, cortes e escoriações.

“O tratamento mais apropriado para pancadas na região bucal em crianças vai depender da intensidade do traumatismo, sendo que aqueles com baixa ou média intensidade geralmente levam a acompanhamentos conservadores com medicação e observação ou pequenas suturas”, acentua o cirurgião. Já os casos mais graves podem necessitar de uma intervenção cirúrgica.

Fique ligado!

  • Em bebês de até três anos, as quedas ou colisões ocorrem com móveis e objetos espalhados nos ambientes.

Resultado: traumas faciais, principalmente escoriações e edemas.

  • Em crianças com idade entre quatro e oito anos, a causa mais comum está relacionada a lutas e brincadeiras com as mãos que levam à queda.

Resultado: cortes, escoriações mais importantes e fraturas.

  • Dos nove aos 12 anos, são comuns traumatismos mais importantes.

Resultado: fraturas faciais, cortes, escoriações e hematomas.

  • Adolescentes correm mais riscos de traumatismos faciais.

Resultado: fraturas faciais, edemas, cortes e escoriações.

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